Ao iniciar as reuniões do Grupo Nacional de Coordenação para o Desenvolvimento dos Povos Amazônicos, o Presidente da Conferência Episcopal Peruana (CEP), Dom Miguel Cabrejos Vidarte, ressaltou a importância do afastamento do toque de silêncio na região selvagem da Bagua; depois dos enfrentamentos ocorridos há alguns dias que cobraram a vida de 24 policiais e 10 indígenas.

O também Arcebispo de Trujillo participou desta reunião onde também destacou "a importância de conformar uma Comissão da Verdade, a pedido de muitos representantes dos povos amazônicos", para terminar de esclarecer os fatos ocorridos em Bagua recentemente, conforme indica a nota de imprensa da CEP.

Nesta reunião, os representantes dos povos amazônicos pediram o levantamento do Estado de Emergência e o toque de silêncio nas regiões afetadas. Do mesmo modo, pediram debater um Plano de Desenvolvimento da Amazônia. Por sua parte, as autoridades do governo anunciaram um Decreto que levanta o Estado de Emergência e o toque de silêncio.

Estado de emergência

O governo peruano teve que instaurar o toque de silêncio e o estado de emergência na localidade amazônica de Bagua depois dos violentos enfrentamentos entre policiais e nativos no dia 5 de junho nessa localidade, que terminaram com a morte de 10 indígenas e 24 policiais.

Dez destes últimos, segundo precisa a edição da revista Caretas de 11 de junho, foram "torturados e assassinados por centenas de indígenas que, incrivelmente, nos tiveram seqüestrados desde o 9 de abril", no que constitui "o pior massacre policial que se recorde no país".

As primeiras notícias dos enfrentamentos que deram a volta ao mundo davam conta de uma "matança de indígenas". A respeito disto, o Ministro das Relações Exteriores, José Antonio García Belaúnde, assinalou em dias passados na Radio Programas do Peru que "infelizmente houve um primeiro momento em que distintas organizações e com fins não muito santos" como ONGs de esquerda "pretenderam fazer o mundo acreditar que aqui estava ocorrendo um massacre" de indígenas.

O Chanceler disse também que em alguns meios de comunicação estrangeiros como o ‘New York Times’ e o ‘Washington Post’ dos Estados Unidos ou ‘El Pais’ da Espanha "a verdade foi abrindo passo".

À mesma emissora, o Presidente da Corte Suprema do Peru, Javier Vila Stein, assinalou recentemente que poderia solicitar a extradição do líder amazônico Alberto Pizango, quem se encontra asilado na Nicarágua e que foi "sindicalizado como autor intelectual dos fatos de violência em Bagua", por ter insistido em várias ocasiões a insurgência e ao uso da violência durante a greve amazônica.

Esta intenção também foi apoiada pelo Ministro García Belaúnde quem há alguns dias atrás assegurou aos meios que se solicitará à Nicarágua a extradição de Pizango para que compareça ante a justiça peruana.