Por 13 votos contra um, a legislatura do pequeno estado de Imo na Nigéria rejeitou um projeto de lei sobre os direitos reprodutivos que introduziria o aborto no país. A votação foi comentada pelo jornal nacional da Nigéria como uma "vitória dos valores culturais" sobre "a nova revolução cultural ocidental".

Embora o projeto de lei foi apresentado para favorecer os chamados "direitos reprodutivos" da mulher, a normativa introduzia a legalização do aborto nos nove meses de embaraço.

Imo, considerado um estado pró-vida, tinha rechaçado vários planos de legalizar o aborto, o mais recente em 2006.

Com ocasião da votação, uma grande multidão de cidadãos como crianças, religiosas e até funcionários públicos partiram à a Casa de Estado de Imo e protestaram contra o projeto de lei ante a Assembléia.

Embora a audiência pública se programasse para o meio-dia, todos os assentos na sala de audiência foram ocupados desde as 7:00 da manhã e milhares de manifestantes que transbordaram o edifício com cartazas que diziam: "As crianças são nossos valores", "Direito reprodutivo é aborto", e "As mães de Imo amam as crianças".

Os defensores dos direitos reprodutivos defenderam a lei alegando que esta não menciona o aborto e estava dirigida somente a promover a saúde das mulheres de Imo. Entretanto, os eufemismos no projeto de lei incluem frases como "controle da fertilidade", "o calendário, o número e o espaçamento de seus filhos," e "eleição dos métodos de controle da fecundidade e planejamento famílias", interpretados em outros países onde o aborto é legal como o direito da mulher aos anticoncepcionais e o aborto.

A preocupação dos nigerianos era maior pelo fato de que um dos patrocinadores do projeto de lei era o IPAS, um importante grupo de pressão que trabalha em diversos países impulsionando mudanças legais a favor do aborto.