O Núncio Apostólico de Sua Santidade na Espanha, Dom Manuel Monteiro de Castro, considerou que a iniciativa apresentada pelo IU-ICV e admitida pela Mesa do Congresso dos Deputados para reprovar as palavras do Papa Bento XVI sobre o uso do preservativo são fruto do desconhecimento, tanto do que disse o Pontífice como da situação dos países onde existe a AIDS.

Dom Monteiro de Castro foi a Granada para participar do II Congresso de História, Vida e Espiritualidade da Província Santo Tomás de Villanueva, onde respondendo às perguntas dos jornalistas, considerou que os deputados criticaram" as palavras do Papa sem conhecer o que ele disse, isto é que "o preservativo não resolve" a epidemia de AIDS e que o caminho para erradicá-la é a "humanização das relações sexuais".

"Estes senhores não leram o que o Papa falou e se querem criticá-lo devem fazê-lo primeiro", comentou o máximo representante de Sua Santidade na Espanha, quem recordou que em alguns dos países do Sul da África onde há mais AIDS como Suazilândia "existem todo tipo de preservativos" que se possam encontrar, por exemplo, até no aeroporto e mesmo assim isto "não se resolveu o problema" e isso –acrescentou– "é o que o Papa disse". Assim, uniu-se às declarações de Bento XVI e afirmou que a solução está na "vida casta e nas relações de família".

O Prelado vinculou também as críticas a estas declarações a que os políticos "não conhecem os países onde há AIDS", pondo esta situação em contraposição ao conhecimento que sobre este assunto tem a Igreja Católica, devido aos trabalhos humanitários que desenvolve em lugares como Suazilândia, onde o "único hospital" que trata esta epidemia pertence à Igreja Católica.

Ao ser perguntado pela campanha contra a reforma da Lei do Aborto, indicou que o objetivo da Igreja é "ajudar à mulher e à criança" e questionou a legitimidade dos poderes públicos para estabelecer "quando começa o direito a viver de um ser humano".

"Como se pode estabelecer isso e quem pode fazê-lo'", se perguntou Monteiro do Castro, quem assegurou que a intenção da Igreja é "ajudar desde um critério positivo" e não "complicar as coisas".

O Núncio na Espanha efetuou estas declarações depois de outorgar na Faculdade de Teologia de Granada uma conferência titulada "A Igreja na Espanha nos começos do século XXI", onde fez alusão ao relativismo, o individualismo e o subjetivismo como alguns dos assuntos que afastaram o ser humano da Igreja e que esta deve confrontar na atualidade.