O Parlamento Europeu rejeitou um intento, promovido por um grupo liberal, de condenar as declarações realizadas pelo Papa Bento XVI durante a sua recente viagem à África na qual afirmou que os preservativos não são a solução contra a AIDS.

A condenação aparecia em uma emenda apresentada pela deputada liberal holandesa Sophia in 't Veld e seu companheiro de grupo, o italiano Marco Cappato, ao relatório anual sobre direitos humanos no mundo 2008, cujo apresentador é o parlamentar do PSC, Raimon Obiols.

A emenda "condena energicamente as recentes declarações do Papa Bento XVI nas que proibia o uso dos preservativos e alertava de que seu uso poderia inclusive suportar um aumento do risco de contágio" e "expressa sua preocupação por que estas declarações pudessem prejudicar gravemente a luta contra o HIV e a AIDS".

Antes de realizar a votação, o grupo liberal ofereceu suavizar o texto para obter um maior consenso. Para isso, apresentou uma emenda oral que suprimia a palavra "condena" e falava de forma mais genérica de "preocupação" pelas declarações do Papa porque "geram a impressão de que o uso do preservativo poderia inclusive trazer consigo um aumento do risco de contágio".

O Partido Popular Europeu rejeitou a consideração da emenda oral alternativa e finalmente o plenário votou o texto original. A condenação a Bento XVI foi rechaçada por 253 votos em contra, 199 votos a favor e 61 abstenções. A maioria dos populares europeus votou contra a condenação, enquanto os socialistas se dividiram entre o apoio e a abstenção.

Entre os espanhóis, todos os deputados do PP que estavam presente rechaçaram a condenação.Por outro lado, os socialistas se dividiram. Entre os que se opuseram à condenação estavam Antonio Masip, enquanto que Josep Borrell, Carlos Carneiro, Miguel Anjo Martínez, Javier Moreno, Francisca Pleguezuelos e Maruja Sornosa a apoiaram. Maria Badia, Vicent Garcés, Martí Grau, Manuel Medina, Rosa Miguélez, Raimon Obiols, Teresa Riera, Antolín Sánchez Presedo, e Luis Yáñez optaram pela abstenção.

Também apoiaram a condenação ao Papa  o euro-deputado do grupo verde David Hammerstein e o de Iniciativa per Catalunya-Verds, Raül Romeva.

O porta-voz do PP na câmara, Jaime Mayor Oreja, assegurou em um comunicado que, apesar da derrota da iniciativa, "é muito grave que um Parlamento tente condenar uma declaração do Papa " porque é "um ataque contra a liberdade religiosa".

Para Jaime Mayor Oreja, a iniciativa forma parte de uma campanha "que tem um enorme simbolismo" e "não se deve minimizar sua gravidade" embora não tenha prosperado no semi-círculo de Estrasburgo.
"Isto é o mau caminho da Europa e tem mais gravidade do que parece, infelizmente os socialistas espanhóis uma vez mais estiveram à cabeça da iniciativa da moção e de uma campanha que não tem sentido e que, sobre tudo, é uma má perspectiva para o futuro da União Européia", concluiu.