O Núncio Apostólico para Israel e Chipre e Delegado Apostólico em Jerusalém e Palestina, Dom Antonio Franco, assinalou que "minha esperança é que a visita de Bento XVI" à Terra Santa "possa dar em qualquer modo um impulso decisivo para uma convivência pacífica na justiça".

Em entrevista concedida ao L'Osservatore Romano, o Arcebispo indicou que "desejamos que a presença de Bento XVI acenda muitas luzes de esperança. Queria ser otimista, mas é necessário sobre tudo ser realista a solução do problema palestino aparece longínqua. É necessário desatar ainda vários nós e se necessita um maior esforço de parte de todos. É necessário, antes que nada, querer verdadeiramente a paz e esforçar-se ativamente para criar as condições que a favoreçam".

Depois de comentar que a "Igreja local está feliz por poder acolher ao Papa  como Pai e Pastor", Dom Franco se referiu ao recente conflito da Franja da Gaza e explicou que "desde o Ângelus do 28 de dezembro, logo depois dos primeiros ataques a Gaza, fez um inequívoco chamado ao cessar fogo. Frente à escalada de operações militares, a Santa Sé pediu aos israelenses sair do círculo vicioso do enfrentamento e de procurar soluções negociadas. Houve claramente uma condenação da violência para ambas as partes".

Ao comentar logo o ambiente positivo que a imprensa internacional no ocidente destaca entre os muçulmanos que também esperam o Papa , o Núncio precisa que "certamente um interesse vivo pela visita do Papa  de parte da Autoridade Palestina e do povo que luta por ver reconhecidos seus próprios direitos". Além disso, disse, "os palestinos sabem que no curso dos anos houve um esforço crescente da Santa Sé: por isso vêem o Papa  como uma pessoa que conhece sua realidade e defende seus direitos".

"De resto, o mesmo se poderia dizer do mundo judeu, porque a Santa Sé proclama e sustenta claramente os direitos também de Israel. Então o convite é a conciliar e harmonizar os direitos no respeito recíproco de uns e outros", esclareceu.

Ao referir-se logo à comunidade cristã em Terra Santa, o Arcebispo explicou que a Santa Sé "está fazendo um trabalho muito intenso para dar uma base jurídica à presença e ação da Igreja (em Israel), que até agora não tem um reconhecimento legislativo".

"Existem dois acordos: o fundamental de 30 de dezembro de 1993 – que abriu as portas às relações diplomáticas– e o de 1997, para o reconhecimento jurídico da Igreja e suas instituições, mas nenhum deles foi feito lei pelo Knesset, o parlamento soberano".