Representantes de UNICEF e da Organização Panamericana da Saúde (OPS) têm proposto à Igreja da América Latina e o Caribe, durante uma recente reunião do CELAM, formar uma “aliança estratégica”, mas sem renunciar ao aborto, a promoção da pílula do dia seguinte, a ideologia de gênero e muitos outros tópicos que contradizem os ensinamentos da Igreja Católica.
O Diretor para a América Latina do Population Research Institute (PRI), Carlos Polo, assinalou a ACI Prensa que a proposta se apresentou no último “Encontro de Pastoral Social da Infância e Adolescência em Risco”, organizado pelo Departamento de Justiça e Solidariedade do CELAM, realizado de 23 a 27 de Março na cidade de Quito (Equador).
Polo, que participou do encontro como parte da delegação da Comissão de Vida, Família e Infância da Conferência Episcopal Peruana (CEP), explicou que “me interessou muito saber o que poderiam dizer os representantes de UNICEF e OPS aos membros da pastoral da infância e adolescência das distintas Conferências Episcopais da América Latina”.
“Conheço muitos dos que assistiram e sabia que estariam ao tanto do duplo discurso destas organizações envolvidas no controle natal e o aborto em todo mundo. Em efeito, vários dos Bispos, sacerdotes, religiosos e leigos participantes escutamos com perplexidade a proposta destes funcionários”, adicionou.
O Diretor do PRI para a América Latina explicou que durante a reunião se fez evidente que “não é possível trabalhar com organismos que promovem ativamente uma ideologia que afasta a muitos de sua fé; nem permitir que, sou pretexto de ajudar a uns meninos, a outros os aborte”.
Polo solicitou entrevistas com o Dr. Oscar Suriel, Assessor Internacional em saúde da família e comunidade da OPS e com o Dr. Manuel Manrique Castro, quem se apresentou como um funcionário de longa trajetória em UNICEF agora encarregado de relançar as relações de UNICEF com a Igreja Católica.
Em ambos os casos se explicitou a estes funcionários que se tratava de entrevistas de caráter jornalístico e filmadas, ao qual acederam voluntariamente tal como consta nos vídeos que Polo compartilhou com ACI Prensa.
“Ao perguntar ao Dr. Suriel sobre a promoção do aborto que OMS/OPS realiza, este ao princípio negou rotundamente qualquer ação de sua organização nessa linha. Logo lhe citei alguns documentos de OPS e como tinha sido um dos agentes políticos para pressionar ao governo nicaragüense a que restitua o chamado aborto ‘terapêutico’, ao qual me respondeu que ‘a OPS sim apóia o aborto terapêutico e não o aborto per se’”.
Polo segue narrando seu encontro: “Disse-lhe que muitos, não só na Igreja, estávamos a par da falácia do ‘aborto terapêutico’ e que contudo sua resposta era incongruente com o apoio da OPS à lei de aborto do Distrito Federal de México, onde o aborto é legal para todo menino menor de 12 semanas de gestação”.
“Frente a isto –diz Polo– não teve resposta. As contradições de Suriel foram crescendo à medida que tratamos o tema da pílula do dia seguinte e dos chamados direitos reprodutivos”.
Posteriormente, o Diretor do PRI para a América Latina entrevistou ao Dr. Manrique sobre os questionamentos da Santa Sé ao UNICEF por seu envolvimento com o aborto e a chamada “saúde reprodutiva”.
Manrique respondeu que “se tratava de pequenas contingências que não têm maior trascendência” e que “não eram temas de fundo”. Polo, entretanto, insistiu assinalando que nesse mesmo instante na página Web oficial de UNICEF constava que esta compra e distribui máquinas de sucção para fazer abortos.
A resposta do Manrique foi que não achava isso e que conhecia essa acusação mas que nunca tinha sido sustentada.
Ao citar o apoio de UNICEF ao aborto terapêutico em Nicarágua e no México, Manrique respondeu que se tratava de “casos que concernem a pessoas particulares”.
“Em uma tentativa fracassada de explicar essa situação –adicionou Polo–, fez caso omisso a que a assinatura do representante e o logotipo de UNICEF consta em documentos assinados publicamente como o fiz notar”.
“Ainda mais incrível foi sua explicação sobre a promoção de preservativos para a prevenção de AIDS que UNICEF propõe em adolescentes. Manrique me disse que não era uma posição oficial da Igreja Católica e me citou exemplos de alguns Bispos que apóiam o uso do preservativo nesses casos”.
Segundo Polo, o Dr. Manrique mencionou ao Secretário da Conferência Episcopal da Colômbia e vários Bispos brasileiros. “Imediatamente lhe perguntei se acaso o Papa Bento XVI, que acabava de sofrer múltiplos ataques por dizer o contrário, não era a voz oficial da Igreja. Diante disso Manrique me respondeu ‘isso é o que você diz’”.
“Tanto Manrique como Suriel ao final das entrevistas e já fora de câmaras criticaram duramente minhas perguntas a respeito destes temas e insistiram a não difundir essas imagens. Suriel me disse ‘Não sabem quanto dinheiro se perderia se esta colaboração não se leva a cabo’”.
Comentando estas afirmações, registradas por Carlos Polo em vídeo, Dom José Antonio Eguren, Presidente da Comissão de Vida, Família e Infância da CEP, destacou que “muitos católicos que ignoram as políticas anti-vida destes organismos internacionais merecem conhecer a fundo sua ideologia e as ações concretas de realizam, e como são totalmente incompatíveis com a doutrina e a pastoral da Igreja”.
“A UNICEF e a OPS parecem não entender que somos apóstolos e não meros trabalhadores sociais. Nós transmitimos ao Senhor da Vida em cada obra social que fazemos. Se deixarmos de ser apóstolos, a perda da Igreja seria incalculável em termos de sua identidade. A isso se refere Jesus quando diz que se o sal perdesse seu sabor, serviria só para ser pisada. Assim ao que nós respeita, podem conservar seu dinheiro, nós conservaremos nossa Fé e nosso compromisso com a dignidade humana”, concluiu o Prelado.