O Arcebispo de Toledo, Dom Antonio Cañizares Lovera, anunciou que depois de quase 50 anos, a diocese retomará durante as festas do Corpus Christi deste ano a tradição de representar  “autos sacramentais” na Catedral com a representação de “O Grande Teatro do Mundo” de Pedro Calderón de la Barca.

Dom Cañizares acrescentou que o que se pretende com este evento é que a solenidade do Corpus tenha cada vez mais esplendor, “e que constitua não somente uma festa  exterior mas todo um conjunto de atos que nos conduza a uma melhor celebração do que esse dia a Igreja celebra:  o Corpo e Sangue do Senhor”.

Com “O grande teatro do mundo” -a pérola dos autos sacramentais como definiu o Arcebispo-, e que será representado nos dias 10, 11 e 12 de junho na Catedral, Toledo recupera esta tradição a fim de enriquecer ainda mais a festa do Corpus.

O diretor da obra, Juan Pedro de Aguilar, declarou que se trata  “da jóia dos autos  sacramentais e o mais estudado universalmente e do qual se  assombram todos os povos e culturas por essa idéia mágica de Calderón de que nesta vida ninguém é melhor do que ninguém mas que apenas representamos papéis e no final todos nos pedem contas”.

De Aguilar afirmou que será uma atuação “não pedante nem grandiloqüente mas buscamos uma linha de simplicidade e de verdade na atuação e espero que esta forma fale às pessoas com novas esperanças e com novas mensagens”.

O espectáculo, de quase duas horas de duração, contará com a participação de várias  estrelas do teatro clássico espanhol como Roberto Cuenca, Juanma Navas, Juan Antonio Gálvez, Luz Olier, Miguel Such, Juan Lombardero, Concha Goyanes, Álvaro Lozano e Rebeca Tébar.

O auto consta de cinco atos que vão se sobrepondo. No primeiro, Deus, o Autor, dialoga com o Mundo. No segundo ato os personagens se apresentam ao Autor e o Mundo lhes proporciona os trajes próprios do papel que cada um irá representar na vida.

Terminada no terceiro ato a comedia da vida, na quarta parte o Mundo tira de cada um de seus personagens suas galas e atavios e a Morte faz sua aparição. No quinto ato os personagens caminham a apresentar-se diante do Autor para escutar e assumir quer seja o prêmio ou o castigo definitivos segundo o mérito de suas respectivas representações na vida.