O vaticanista Sandro Magister informou que o Vaticano “produziu dois novos textos em defesa de Pio XII, o Papa mais controvertido do século XX. Ambos dirigidos a desmantelar a ‘lenda negra’ em torno dele”.
Magister informou que já se encontra à venda na Itália o livro "Em defesa de Pio XII. As razões da história", que “repropõe em forma mais elaborada e completa, escritos que apareceram nos meses passados no jornal da Santa Sé, L'Osservatore Romano”. O texto é da editorial Marsilio com autores “de várias orígens culturais e religiosas entre os que figuram dois judeus, mas todos de acordo em justificar ao Papa Eugenio Pacelli”.
Os autores são Paolo Mieli, estudioso de história e diretor do "Corriere della Sera", o mais importante jornal leigo italiano; Saul Israel, biólogo e escritor, acolhido e salvo em um convento de Roma durante a ocupação alemã; Andrea Riccardi, professor de história contemporânea e autor em 2008 do livro "O inverno mais ongo, 1943-1944. Pio XII, os judeus e os nazistas em Roma"; o arcebispo Rino Fisichella, reitor da Pontifícia Universidade Lateranense; o arcebispo Gianfranco Ravasi, presidente do pontifício conselho para a cultura; o cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de estado Vaticano. Fecha o volume o discurso lido por Bento XVI em 8 de novembro do 2008 em um congresso sobre "A herança do magistério de Pio XII".
Na introdução, Giovanni Maria Vian, curador do livro e diretor de "L'Osservatore Romano", lembra que a má imagem de Pio XII se impôs a nível mundial nos anos Sessenta, quer dizer alguns anos depois que Pio XII tinha morrido em respeito quase universal.
“A Igreja de Roma reagiu inicialmente de duas maneiras. Acima de tudo, em junho de 1963, com uma carta em defesa de Pio XII escrita ao semanário católico inglês "The Tablet" pelo então cardeal Giovanni Battista Montini, eleito Papa precisamente nesses dias: carta da que Vian cita passagens significativas. E logo com a publicação de doze grossos volúmes de documentos dos anos da guerra, tirados dos arquivos vaticanos da época, ainda não abertos à pública e completa consulta”, lembra Magister.
Entretanto, precisa que a lenda negra do Papa Pacelli como amigo de Hitler nasceu antes dos anos ‘60s. Vian lembra que "interrogantes e acusações pelos silêncios e a aparente indiferença de Pio XII frente às incipientes tragédias e aos horrores da guerra vieram de católicos como Emmanuel Mounier já em 1939, nas primeiras semanas do pontificado”.
O segundo texto que desmitifica o tema é um ensaio publicado no último número de "A Civiltà Cattolica", “a revista cujas páginas são revisadas previamente pela secretaria de estado. Seu autor é o jesuíta Giovanni Sale, historiador e especialista da Igreja do século XX. E também aqui também o título vai dirigido à medula do assunto: ‘O nascimento da lenda negra sobre Pio XII’”.
No ensaio, Sale assinala “aqueles círculos "católico-sociais" que já nos anos quarenta acusavam a Pio XII de silêncio cúmplice dos horrores nazistas. E entrevista ao filósofo católico Jacques Maritain, que então era embaixador da França ante a Santa Sé”.
“Mas aparte e mais que em um setor da intelectualidade católica, a "lenda negra" de Pio XII teve um precursor na propaganda soviética durante a post-guerra.
E o Padre Sale dedica precisamente a esta propaganda seu último ensaio sobre o argumento. Nele Sale contribui com novos dados aos que já tinha posto em evidencia em ensaios anteriores, em particular em um artigo de "A Civiltà Cattolica" de 2005”, adiciona.
Magister publicou um amplo extrato do artigo do Padre Sale publicado em "A Civiltà Cattolica" em http://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/1337848?sp=e