MADRI, 25 de mar de 2009 às 13:01

Diversos porta-vozes socialistas espanhóis evidenciaram seu desgosto esta semana, ante a confirmação de que a maioria das confrarias da Espanha –as instituições católicas de mais tradição no país– se somarão à campanha em contra do aborto durante Semana Santa.
Este mês, a Conferência Episcopal Espanhola (CEE) pôs em marcha uma campanha de comunicação com o lema “Protege minha vida!” no contexto da Jornada pela Vida, que se celebra hoje, 25 de março em todas as dioceses espanholas.
A campanha, que se estende a todo março, busca sair ao encontro das mudanças legais que, segundo a CEE  “de sair adiante, darão lugar a uma situação em que quem vai nascer ficarão ainda mais desprotegidos que com a atual legislação”.
A diferença de outros anos, a CEE inseriu pôsteres em cercas publicitárias onde se apresenta a um bebê junto ao cachorrinho de um lince –espécie protegida– junto às palavras “E eu?”.
Conforme informa Rádio COPE, o inesperado respaldo das confrarias, centenares de associações de fiéis leigos que cumprem um papel especial durante a Semana Santa, à campanha da CEE, irritou ao PSOE.
Esta segunda-feira, Leire Pajín, a número três no PSOE,  pediu à Igreja Católica que “não confunda política com religião”, ao insinuar que a manifestação das confrarias a favor do direito à vida seria um ato “antidemocrático”,  porque “as decisões sobre as leis se tomam no Parlamento por aqueles que foram votados pelos cidadãos”.
Por sua parte Fernando Delgado, editorialista do porta-voz oficioso do PSOE, “El País”, referiu-se à participação da confrarias argüindo que “nada, absolutamente nada, lembra mais à a Espanha do 36 (o ano da Guerra Civil espanhola) que a Igreja hierárquica de hoje; são os bispos espanhóis os que fomentam radicalmente o anticlericalismo e o fazem vigente. Boa prova disso é agora, mais que sua oposição ao aborto e a uma lei que o regule, seu modo de utilizar com este fim os ícones da tradição processional”.
Delgado reagia ao anúncio da Junta que as Confrarias de Valladoli fizeram público na segunda-feira dando seu apoio à campanha da Igreja em contra do aborto.  O manifesto assinala que, como entidades católicas que são, “têm como própria a doutrina da Igreja sobre o direito à vida”, e citam o número 2258 do Catecismo: “Só Deus é Senhor da vida desde seu começo até seu término; ninguém pode atribuir o direito de matar de modo direto a um ser humano inocente”.
A respeito, o Secretário Geral da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) e Bispo Auxiliar de Madri, Dom Juan Antonio Martínez Camino, assegurou que a preocupação  existente pelo aborto e  pela proteção da vida humana entre as juntas e confrarias de Semana Santa é anterior à campanha posta em marcha pela CEE.
“Faz tempo que (os membros da confrarias) já estão preocupados com esse assunto porque estão preocupados com a proteção da vida humana”, explicou o Prelado.
“É coerente e normal que pessoas implicadas na manifestação da fé católica, preocupem-se com defender a vida dos que vão nascer”, concluiu.
Durante a Semana Santa, as dezenas de milhares de cófrades que participam de centenares de procissões em toda a Espanha levarão no braço um laço branco como símbolo de seu rechaço ao projeto de lei que quer ampliar o aborto na Espanha.