Em sua mensagem ao Presidente de Angola, autoridades civis e o corpo diplomático de Angola, o Papa Bento XVI ressaltou que "o caminho espiritual do cristão é o da conversão cotidiana, a isto a Igreja convida a todos os líderes da humanidade, para que ela possa seguir assim pelos caminhos da verdade, a integridade, o respeito e a solidariedade".
Depois de reunir-se com o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, o Papa Bento XVI pronunciou seu discurso ante as autoridades civis, diante de quem disse que "Angola sabe que chegou para a África o tempo da esperança. Todo comportamento humano reto é esperança em ação".
"Nossas ações não são nunca indiferentes diante de Deus, e tampouco o são pelo desenvolvimento da história. Meus amigos, armados de um coração íntegro, magnânimo e compassivo, podem transformar este Continente, liberando a seu povo do flagelo da cobiça, da violência e a desordem".
Para fazê-lo, continuou o Papa, é necessário guiar ao povo africano "pelo caminho dos princípios indispensáveis para toda democracia moderna e civil: o respeito e a promoção dos direitos humanos, um governo transparente, uma magistratura independente, uma comunicação social livre, uma honesta administração pública, uma rede de escolas e hospitais funcionando de modo adequado, e a firme determinação, radicada na conversão dos corações, de erradicar de uma vez por todas a corrupção".
"Na mensagem deste ano para a Jornada Mundial da Paz quis reclamar a atenção de todos à necessidade de uma aproximação ética ao desenvolvimento. Mais do que simples programas e protocolos, as pessoas deste continente estão justamente pedindo uma conversão profundamente convencida e durável dos corações para a fraternidade. Seu pedido a quantos servem na política, na administração pública, nas agências internacionais e nas companhias multinacionais é sobre tudo esta: Sigam de modo verdadeiramente humano, acompanhem-nos, às nossas famílias,às nossas comunidades!"
Seguidamente o Santo Padre precisou que não só faz falta um trabalho coordenado dos governos africanos com a comunidade internacional para obter o desenvolvimento mas também "que os mesmos africanos, trabalhando juntos pelo bem de suas comunidades, devem ser os agentes primários de seu desenvolvimento".
O Papa denunciou logo –após falar de sua alegria profunda por sentir-se em família na África– a "amarga ironia de quem promove o aborto entre as curas da saúde 'materna'. Que desconcertante é a tese de quem considera que a supressão da vida é uma questão de saúde!"
Finalmente, Bento XVI lembrou também que a Igreja serve sempre "aos mais pobres deste continente. Posso lhes assegurar que ela, através de iniciativas diocesanas e inumeráveis obra educativas, sanitárias e sociais de distintas ordens religiosas, programas de desenvolvimento das Cáritas e de outras organizações, seguirá fazendo tudo o que for possível para sustentar às famílias –incluídas também as golpeadas pelos trágicos efeitos do AIDS– e para promover a igual dignidade das mulheres e homens sobre a base de uma harmoniosa complementariedade".