"A viagem africana de Bento XVI, a introdução do chinês no sítio plurilingüe da Santa Sede e o anúncio de um próximo ano sacerdotal, confirmam a característica mais evidente da Igreja de Roma, quer dizer, seu olhar católico, que significa universal". Assim começa a nota editorial de L'Osservatore Romano (LOR) em sua edição de hoje.

Esta perspectiva universal, precisa a nota, mostra "uma vez mais –e com modos inesperados– uma fisionomia do catolicismo clara e historicamente fundada, mas não por isso sempre reconhecida; como aconteceu também nestes últimos tempos, com a vontade (de alguns) de representar de outro modo à Igreja, ao Papa e a Cúria Romana de acordo a estereótipos polêmicos e excessivos, ou inclusive através de imagens totalmente falsas, e portanto enganosas".

"A realidade é bem distinta", precisa o editorial. "Sabem bem não só muitíssimos católicos, mas também quantos –e são muitos– à Igreja de Cristo olham com respeito e fé, face às debilidades, inadequações e faltas de tantos de seus membros".

Em todo lugar, prossegue a nota de Giovanni Maria Vian, Diretor de LOR, "a prioridade dos católicos é a de tornar a Deus presente, como novamente Bento XVI tem escrito na carta aos bispos, que ficará como um dos documentos mais autênticos e elevados de seu serviço papal".

Enquanto em Internet, continua, "a Santa Sede se abre à a China –confirmando uma vontade que o Papa manifestou com claridade e respeito da origem de seu pontificado– Bento XVI visita dois grandes países da África como Camarões e Angola. Simbolicamente é uma homenagem a todo o continente, e não por acaso o Bispo de Roma utilizará as três línguas ocidentais mais difundidas ali: francês, inglês e português; chegando assim a todos os povos africanos".

Esta viagem, prossegue Vian, "introduzirá a segunda Assembléia Sinodal especial dedicada à a África, aonde o cristianismo tem raízes antíquissimas em algumas regiões –sobre tudo no Egito e Etiópia– e uma história missionária importante". "E aqui o Papa retorna como testemunho de Cristo, para levar novamente o anúncio evangélico e a possibilidade da reconciliação".

"Nesta viagem, Bento XVI não está sozinho. Acompanham-no as orações de tantíssimos fiéis que, sobre tudo nestas últimas semanas, estiveram e seguem estando próximos a ele"..

No ângelus dominical, conclui Vian, "o mesmo Papa evocou a viagem ao Egito de São José –patrono da Igreja universal cujo nome também leva– aonde se refugiou com Maria e o pequeno Jesus para salvar o da perseguição. Para pôr sob sua proteção a visita a toda África".