Ao receber esta manhã aos membros da Congregação para o Clero, que esta semana celebram sua Assembléia plenária, o Papa Bento XVI ressaltou que "a missão é eclesiástica porque ninguém anuncia ou se leva a si mesmo, mas leva a Outro, a Deus mesmo, ao mundo. Deus é a única riqueza que, em definitiva, desejam encontrar os seres humanos em um sacerdote".

Em seu discurso aos participantes que trataram o tema "A identidade missionária do presbítero na Igreja como dimensão intrínseca do exercício dos 'tria munera'", o Papa assinalou que "a dimensão missionária do presbítero nasce de sua configuração sacramental a Cristo Cabeça", que supõe "uma adesão cordial e total ao que a tradição eclesiástica há individualizado como a apostolica vivendi forma, a participação naquele 'novo estilo de vida' inaugurado pelo Jesus e feito próprio pelos Apóstolos".

Bento XVI sublinhou a "indispensável tendência à perfeição moral que deve habitar todo coração autenticamente sacerdotal".

Neste contexto disse que "precisamente para favorecer esta tendência dos sacerdotes à perfeição espiritual da que depende sobre tudo a eficácia de seu ministério, decidi que se celebre um especial Ano Sacerdotal de 19 de junho de 2009 –Sagrado Coração de Jesus e Jornada para a santificação sacerdotal– até 19 de junho de 2010". Este ano 2009, "comemora-se o 150 aniversário da morte do Santo Padre de Ars, João Maria Vianney, verdadeiro exemplo de pastor ao serviço do rebanho de Cristo".

"A dimensão eclesiástica, hierárquica e doutrinal e de comunhão do presbítero é absolutamente indispensável para toda autêntica missão e por si mesmo garante sua eficácia espiritual".

A missão, explicou logo o Papa, "desenvolve-se em uma unidade e comunhão que só secundariamente tem aspectos relevantes de visibilidade social. As dimensões hierárquica e doutrinal sugerem ressaltar a importância da disciplina (o termo se relaciona com "discípulo") eclesiástica e da formação doutrinal, e não só teológica, inicial e permanente".

Bento XVI ressaltou a necessidade de "cuidar a formação dos candidatos ao ministério sacerdotal", que se desenvolva "em comunhão com a tradição eclesiástica ininterrupta, sem cesuras nem tentações de discontinuidade. Neste sentido, é importante favorecer nos sacerdotes, sobre tudo nas jovens gerações, uma correta recepção dos textos do Concílio Ecumênico Vaticano II, interpretados à luz de toda a bagagem doutrinal da Igreja".

Além disso, acrescentou, os sacerdotes "devem estar presentes, ser identificados e reconhecidos pelo juízo da fé, pelas virtudes pessoais, assim como pelo hábito, nos ambientes da cultura e da caridade, que estão sempre no centro da missão da Igreja".

"A centralidade de Cristo leva consigo a justa valorização do sacerdócio ministerial, sem o que não haveria nem Eucaristia, nem muito menos missão e nem sequer Igreja. Por isso, é necessário ficar atentos para que as 'novas estruturas' ou organizações pastorais não se pensem para um tempo no qual se deveria 'prescindir' do ministério ordenado, partindo de uma interpretação errônea da justa promoção dos leigos, porque neste caso ficariam as bases para a ulterior 'diluição' do sacerdócio ministerial e as eventuais supostas 'soluções' coincidiriam dramaticamente com as causas reais dos problemas contemporâneos relacionados com o ministério".

Ano sacerdotal

"Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote", é o tema do Ano Sacerdotal convocado pelo Santo Padre, conforme informa um comunicado do Escritório de Imprensa da Santa Sé. Na inauguração do mesmo que será presidida pelo Santo Padre, será exposta a relíquia do Santo Padre d'Ars trazida para essa ocasião pelo Bispo de Belley-Ars, Dom Guy Bagnard.

Ao longo deste ano juubilar Bento XVI proclamará a São João Maria Vianney "Padroeiro de todos os sacerdotes do mundo". Publicará-se além disso o "Diretório para os confessores e diretores espirituais", junto a uma recopilação de textos do pontífice sobre temas essenciais da vida e da missão sacerdotal em nossa época.