Em sua intervenção no congresso "As novas fronteiras da genética e o risco da eugenética", o Arcebispo de Oristano, Dom Ignacio Sanna, destacou a importância de entender ao homem como imagem de Deus; e portanto com uma base espiritual sólida, e precisou que esta compreensão permite que sua intrínseca dignidade e seus direitos humanos sejam entendidos corretamente.

No congresso promovido pela Pontifícia Academia para a Vida, o Prelado assinalou que "a fundamentação teológica é uma grande ajuda originante e original, para uma compressão autêntica da dignidade humana e dos direitos do homem, que nos permite não só decifrá-los em seu verdadeiro significado, mas também defender à uma dos outros de uma possível instrumentação ideológica".

Depois de explicar logo que "o fundamento último da dignidade do ser humano radica no fato de que participa da natureza de Deus" e que o "núcleo central deste fundamento teológico é sem dúvida a concepção do homem como imagem de Deus", o Arcebispo assinalou que a "Gaudium et spes (documento do Concílio Vaticano II, ao oferecer um esboço de antropologia cristã, centrada toda no tema da imagem de Deus, dedica o primeiro capítulo da primeira parte à dignidade da pessoa humana".

Nesta parte do documento, prosseguiu,  relaciona-se à dignidade humana "a constituição corporal e espiritual do homem, sua inteligência, com a que participa da luz da mente de Deus, a consciência, considerada como o núcleo mais secreto e o sagrário aonde o homem se encontra sozinho com Deus, a liberdade, sinal muito alta do ser criado a imagem de Deus".

Em última instância, precisa o Prelado, "é a dimensão teológica a que sustenta e protege a unicidade e a irrepetibilidade de todo ser humano, que faz de cada homem uma pessoa, um interlocutor de Deus, a única criatura que Deus quis por si mesmo".

Este entendimento do homem só se entende, precisa o Arcebispo, porque Cristo mesmo, Deus encarnado, também se fez homem. "Esta trascendência de Deus se revela a nós no evento histórico de Cristo. Para relacionar-se com Deus, em seu trascendência, e também para relacionar-se com os homens, em sua proximidade, é necessária a mediação de Cristo. Por isso, a pessoa tem uma dimensão cristológica, já seja quando a quer definir em relação a Deus, ou quando a quer definir em relação aos outros homens".

O Arcebispo de Oristano precisa logo que "é claro que ao expor a dimensão teológica e cristológica da pessoa não tentamos circunscrever ao crente à possibilidade de reconhecer-se, solo desta forma, a si mesmo e aos outros como sujeitos pessoais e valores absolutos. Também os humanismos leigos podem e devem dar razão de suas afirmações do indivíduo singular como fim incondicionado. A razão humana pode demonstrar que o homem é um ser inteligente e livre, portanto de natureza espiritual, e como tal, um fim em si mesmo".

Entretanto, precisa o Arcebispo, "em realidade, fora de uma visão religiosa que veja o homem pelo menos em uma longínqua presença de Deus, é muito problemático lhe dar fundamento à dignidade absoluta, e portanto a intangibilidade do homem".