A auto-proclamada “Frente Nacional de Mulheres pelo Sim”, liderada pela Ministra de Estado para Assuntos da Mulher da Venezuela, Maria Leon, irrompeu repentinamente na segunda-feira de manhã na sede da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), para exigir que os Bispos da Venezuela apóiem o “sim” à reeleição do Chávez.
Acompanhada por uma turma de jornalistas oficialistas, Leon e o grupo de mulheres exigiu ser recebida por um representante da CEV.
O Pe. José Gregorio Salazar Monrroy, atual Subsecretário do Episcopado, recebeu à Ministra e a escutou por pouco mais de dois minutos, para logo indicar que o documento que levava, supostamente “em nome dos milhões de mulheres da Venezuela”, será entregue ao Presidente da CEV, Dom Ubaldo Santana, Presidente da CEV.
“Vamos a pedir que os senhores troquem... e que os senhores os façam uma nova Conferência Episcopal, conosco as mulheres”, disse Leon.
“Nós exigimos que a Igreja não ampare a Nixon (Moreno)”, disse também a Ministra, em referência ao jovem dissidente asilado na Nunciatura Apostólica por razões humanitárias, e a quem o governo de Chávez persegue por razões políticas.
“O estamos reclamando nós, as mulheres do povo” adicionou.
A Ministra disse logo que desconhecia a autoridade dos Bispos, porque “eu sou batizada, e nos consideraremos igreja quando estivermos três de nós unidos em nome de Cristo".
Segundo o Jornal Católico da Venezuela, que teve acesso a uma cópia do documento apresentado pela Ministra Leon, o texto assinala que “as heroínas que integramos Frente Nacional de Mulheres pelo Sim rechaçamos da maneira mais enérgica” o documento assinado pelos bispos, porque “em seu conteúdo se toma uma posição política-partidista e sectária ante o processo histórico que experimenta nosso país, sob a liderança do Presidente Hugo Chávez Frias”.
Assinalam que a exortação emitida pelo Episcopado o passado 13 de janeiro, em que exortam ao Presidente Chávez a não procurar a reeleição indefinida, “não passa de ser um compêndio de vozes vazias que pouco ou nada dizem ao povo”.
Na nota reclamam além de estar inspiradas no autêntico amor cristão e na força invencível das mulheres”; e por isso não estão dispostas a “apoiar atos que facilitem a entrada a um céu que (…) é possível construir na terra”.
O passado 13 de janeiro, a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) rechaçou o projeto de emenda constitucional que impulsiona o Presidente Hugo Chávez para estabelecer a reeleição ilimitada de todos os cargos de eleição popular e alertou das fortes “carências” que sofre o país.
A CEV manifestou também sua preocupação pela tentativa de “reverter a decisão popular já expressa” contra a reeleição, assim como a “celeridade inusitada, que pode traduzir-se em uma maior confrontação política e social, afetando gravemente uma paz já debilitada”.