O jornalista muçulmano convertido ao catolicismo Magdi Allam lançou em Roma o novo partido político "Protagonistas para uma Europa Cristã", com o que se apresentará às próximas eleições européias, previstas para 7 de junho de 2009.

A nova formação procura "encher o vazio ético" que impera na Itália e na Europa a partir "das raízes cristãs da Europa" e que "agora mais do que nunca é necessário resgatar e afirmar com claridade" diante das ameaças do "capitalismo selvagem, o relativismo e a difusão do extremismo islâmico", explicou.

Em relação com este último aspecto, advertiu sobre a tendência que está emergindo em alguns países da Europa para reconhecer a 'sharia' como parte integrante do estado de direito, como por exemplo ocorre já na Inglaterra, onde de modo indireto se estão começando a legitimar as decisões dos tribunais privados muçulmanos em relação a poligamia, detalhou.

Não obstante, quis deixar claro que seu partido "não é anti-islâmico", tal e como demonstra o fato de que "entre seus fundadores haja uma mulher muçulmana". Além disso, esclareceu que ele não se define a si mesmo como um "ex-muçulmano, mas sim como um italiano e um católico que escolheu comprometer-se com a política".

Através de seu partido, propõe-se colaborar em "a construção do bem comum a partir do reconhecimento dos direitos fundamentais do homem" e dos "valores não negociáveis".

Neste sentido, insistiu na necessidade de que a Europa reencontre sua própria identidade, já que "se você não souber quais são os valores nos que acreditas a identidade em que te reconheces, tampouco serás capaz de te apresentar como um interlocutor acreditável" diante dos outros.

Allam reconheceu que "será necessário um milagre" para que seu partido chegue a ganhar algum banco nas próximas eleições européias. Apesar isso, sua aspiração é "crescer e radicar-se" na Itália e ir afirmando assim "um modelo de convivência social para todos".

Magdi Allam se converteu ao cristianismo em março passado quando foi batizado pelo próprio Papa Bento XVI na Basílica São Pedro do Vaticano, durante a emblemática cerimônia da Vigília Pascal, em que a Igreja celebra a Ressurreição de Jesus Cristo.

Embora nasceu e se educou no Egito, vive na Itália há 35 anos. Por causa de suas posturas contrárias ao islã radical, recebeu ameaças e tem que levar uma escolta policial.

Suas declarações nas que afirma que "além" do fenômeno dos extremismos e do terrorismo islâmico a nível mundial, o islã é "fisiologicamente violento e historicamente conflitivo" custaram-lhe duras críticas também de parte de líderes muçulmanos moderados.

Durante a roda de imprensa, precisou que o islã considerado como tal nunca poderá ser moderado, tal e como demonstram alguns versos do Corán, mas sim podem optar por uma postura moderada "as pessoas" dessa religião.