O Padre Adolfo Nicolás s.j., Superior General da Companhia de Jesus, lamentou que a polêmica Teologia da Liberação (TL) não tenha recebido "um voto de confiança" e pediu  dar-lhe mais tempo para que amadureça.

Em uma entrevista concedida a "El Periódico", o sacerdote considerou que a TL "é uma resposta valente e criativa a uma situação de injustiça insofrível na América Latina. Como toda teologia necessita anos para amadurecer. É uma lástima que não lhe tenham dado um voto de confiança e que muito em breve lhe cortassem as asas antes de que aprendesse a voar. Se deve dar-lhe tempo".

Na entrevista, o Padre Nicolás admite que os jesuítas diminuíram em número absoluto mas considera que é "o grupo mais visível teológicamente e doutrináriamente" e por isso, assinala, "que nós recebamos maior atenção é natural", em alusão a uma suposta vigilância do Papa para a Companhia de Jesus.

O jornalista perguntou também ao Padre Nicolás sobre o fundamento da acusação de que os jesuítas "olham para o resto das ordens por cima do ombro". O Superior respondeu que "essa debilidade a temos e é bastante corrente. Isso procede de que na Companhia sempre se insistiu na preocupação por uma formação de qualidade e profundidade. O problema vem de que somos humanos  e não percebemos que essa capacidade nos foi proporcionada, e não provém da nossa cara bonita".

Sobre a hostilidade do Governo espanhol com a Igreja em algumas decisões de política social, o sacerdote respondeu que "acostumado ao clima de laicidade sossegada que se respira no Japão, onde vivi muitos anos, encontro ao Governo socialista, com todo o perdão, imaturo, no sentido de que os problemas de emprego, educação e imigração são tão grandes que me parece que se está perdendo muito o tempo nas relações com a Igreja".

Para o superior jesuíta é "possível" que a Igreja na Espanha seja "propensa a repreensão". "A mim sempre me resultou incômodo e incompreensível o fato de que um sacerdote repreenda ao povo. Com que direito? É um engano", indicou.