O reitor da Universidade Salesiana, Padre Thelian Coroa, lamentou a reação do Governo ante a mensagem que o Papa Bento XVI dirigiu aos bispos bolivianos em visita ad limina no que advogou pela reconciliação nacional.
O sacerdote considerou que se desatou uma “inútil polêmica” logo que o Presidente Evo Morales e o vice-ministro de Coordenação com os Movimentos Sociais, Sacha Llorente, quem afirmou que os bispos não representam à freguesia boliviana, em alusão ao habitual informe que os prelados apresentam ao Papa quando estão de visita ad limina no Vaticano.
“É, vou dizer infantil e pueril, imaginar que os líderes da Igreja vão contradizer a fé do povo. Não é um bispo que fala de forma individual, é a percepção da Conferência Episcopal Boliviana. Descrever não quer dizer julgar; descrever não quer dizer emitir um juízo de valor. Negar a realidade do que está acontecendo na Bolívia é como negar que existe crise econômica, é como negar que não houve aumento de preços”, adicionou o Padre Corona.
Do mesmo modo, lembrou que “o discurso da Igreja católica nunca é político, pode desatar uma polêmica inutilmente. Preocupam-nos as declarações do vice-ministro Sacha Llorente, se forem a título pessoal, essa é uma percepção pouco objetiva e se for institucional, em nome do Governo, é ainda mais delicado”.
Faz uns dias, ao inaugurar o IV Congresso Mundial de Mediação, o presidente Evo Morales disse que a Igreja era um “instrumento de dominação que traz injustiça e desigualdade”.
De Roma, o Cardeal Júlio Terrazas, Arcebispo da Santa Cruz da Serra, pediu em uma entrevista ao Infodecom que os bolivianos não se deixem levar pela confrontação. “Não nos deixemos levar por frases, declarações ou ditos que se multiplicam não só na Bolívia, também na América Latina, de uma confrontação para dizer: os pastores estão a um lado, os sacerdotes em outro e os fiéis por outro”, indicou o Cardeal.