O Arcebispo de Montevideu, Dom Nicolás Cotugno, declarou ao jornal El País que os deputados que amanhã votem a favor da legalização do aborto incorrerão em excomunhão automática, e precisou que “os valores do ser humano não se plebiscitam, são anteriores à razão humana, à liberdade”.
Ante a votação na Câmara de Deputados sobre a lei de saúde reprodutiva, que inclui a descriminalização do aborto, o Arcebispo explicou que no direito canônico figura “que todo aquele que vote, apóie, promova o aborto entra de fato na excomunhão. E é uma excomunhão, conforme diz o direito canônico, que atua imediatamente. Excomungados ipso facto”.
Do mesmo modo, explicou que a Igreja “está inquieta porque o que acontece  no Uruguai, em Montevideu, tem repercussão em toda a América Latina. Pode ser um elemento emblemático para situações similares”.
“Por trás disto há interesses, tudo o que veio do Norte, das reuniões do Cairo, de Beijing. A ONU –é tremendo– é a que impulsiona a descriminalização do aborto e o que é esta visão distinta e contrária à família e à tradição da humanidade. Nunca houve um questionamento a respeito da natureza da família como a célula primitiva da sociedade”, indicou.
Neste sentido, precisou que “não se trata –e o sublinho– de questões religiosas. Trata-se de uma realidade natural que faz à humanidade inteira que deriva suas concepções, não de supostos ideológicos ou culturais, porém de princípios naturais que precedem o próprio existir do ser humano. Se nós desvirtuarmos o denominador comum da natureza humana, pergunto a todos meus irmãos: Que referente universal pode existir na humanidade que assegure os direitos humanos? Que direito humano mais fundamental do que o de nascer e de viver? Quem é outro ser humano para dizer ‘você não vai viver, não têm o direito de nascer, tem que morrer’?”
O Prelado expressou sua confiança em que o Presidente Tabaré Vásquez vete a medida se obtiver aprovação na Câmara. “Acredito que é uma pessoa de palavra. Não tenho motivos para pensar que vá mudar de opinião”, assinalou.
O Arcebispo também considerou que “se quisermos sair desta crise que é a mais aguda de nossa história –que não é só de pesos ou de portos que se abrem ou se fecham– que é uma crise antropológica da que se desprendem conseqüências que todos estamos constatando diariamente: a violência, a droga que destrói, devemos nos apoiar nesses valores”.