O Bispo de Palêencia (Espanha), Dom José Ignacio Munilla, denunciou em uma recente carta pastoral a crescente secularização e a ideologia laicista atéia que persegue a cada jovem ao ponto de fazê-lo sentir "complexado e envergonhado de sua própria condição" de cristão.
Em sua carta titulada "Não é obrigatório ficar fora", o Prelado lembra as palavras desafiantes e alentadoras do Papa Bento XVI aos jovens reunidos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Sydney; onde também criticou com fineza o crescente secularismo no meio do qual devem viver cotidianamente.
A respeito, o Bispo assinala que "sem chegar à perseguição física, em nossos dias existem formas muito sutis e eficazes de coagir a um jovem, de modo que na prática, se veja limitado seu direito à liberdade religiosa. A concepção secularizada da existência, unida à ideologia laicista, encontram um apoio decidido em quem administra as iniciativas culturais públicas, além de receber uma ampla difusão por parte da maioria dos mass mídia".
"Isto contribui –precisa– a que em nossa sociedade, a fé cristã chegue a ser percebida como contracultural".
Do mesmo modo, explica o Bispo de Palência, "dificilmente encontraremos uma perseguição mais desumana e mais eficaz, do que aquela que constrange ao açoitado, até fazer que se sinta complexado e envergonhado de sua própria condição. É normal que os imigrantes de outras religiões se sintam mais cômodos praticando sua religiosidade no Ocidente (de raízes cristãs!), que os próprios jovens católicos?"
Depois de recordar que Juan Pablo II na JMJ de Roma do ano 2000 "não ocultou aos jovens a dificuldade de seguir a Cristo no momento presente, mas ao mesmo tempo lhes deu uma mensagem de esperança", o Prelado assinalou que "o pontificado de Bento XVI acrescentou uma reflexão de corte filosófico para denunciar a mesma situação existencial descrita por joão Paulo II. Em efeito, foi Joseph Ratzinger quem cunhou o termo 'ditadura do relativismo'".
"Nestes últimos anos fomos testemunhas repetidas vezes de como a invocação do 'princípio de tolerância', não foi senão o primeiro passo para acabar impondo finalmente uma ideologia laicista obrigatória", acrescentou.
Finalmente Dom Munilla ressalta como depois da reflexão de Bento XVI em que convidava aos jovens "a sacudir-se complexos, o Papa concluía dirigindo-se aos jovens a coração aberto: 'Queridos amigos, em casa, na escola, na universidade, nos lugares de trabalho e diversão, recordem que são criaturas novas. Como cristãos, estão neste mundo sabendo que Deus tem um rosto humano, Jesus Cristo, o 'caminho' que enche todo desejo humano e a 'vida' da que estamos chamados a dar testemunho, caminhando sempre iluminados por sua luz'".