O jornal El Universo revelou nesta quinta-feira que o Presidente da Conferência Episcopal do Equador, Dom Antonio Arregui Yarza, denunciou o anti-clericalismo do governo do Presidente Rafael Correa durante o discurso que dirigiu aoPapa Bento XVI ao concluir a visita Ad Limina dos bispos de seu país.

Dom Arregui destacou que as críticas da Conferência Episcopal a alguns aspectos da controvertida reforma constitucional –especialmente em matéria de direito à vida, matrimônio, família e direito dos pais–, produziu uma reação inusitadamente hostil por parte do regime.

"Quis degradar nosso magistério ao qualificá-lo como político e servidor da oposição, mediante uma propaganda milionária de conteúdo tão agressivo como inexato", disse o Presidente do Episcopado equatoriano ao Papa.

O Prelado assinalou além que a metade da população economicamente ativa do Equador "está imersa no indigno espaço do sub-emprego e a desocupação"; algo que segue produzindo-se apesar "das centenas de milhares que emigraram" em busca de melhores oportunidades; "uma experiência freqüentemente traumática, porque é forçada, sujeita à dura realidade do tráfico de pessoas, mau acolhida pelas leis dos estados receptores, destruidora de famílias".

Segundo Dom Arregui, o país atravessa uma prolongada crise, "cuja raiz a situamos no plano moral, em vários documentos".

No âmbito político, explicou, "a crise provocou uma incessante petição popular de mudanças, que permitam superar as indignas condições de vida de muitos".

"Em última instância, as aspirações insatisfeitas derivaram em uma desconfiança em relação à democracia e em uma chamativa instabilidade", adicionou.

Durante o encontro, o Papa Bento XVI felicitou a coragem dos bispos equatorianos e os alentou a seguir exercendo o direito a fazer-se ouvir no âmbito público.