Ao celebrar-se esta manhã a terceira Congregação Geral do Sínodo dos Bispos, o tema da vida consagrada como testemunho da Palavra de Deus e a adequada interpretação desta para os crentes foram alguns dos temas tratados pelos pais sinodais.

Em sua intervenção, o Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Cardeal Franc Rodé, assinalou que a vida consagrada "enraizada profundamente nos exemplos e ensinamentos de Cristo o Senhor" e ao Evangelho "inspirou-se ao longo dos séculos; e a ele está chamada a voltar constantemente para manter-se viva e fecunda, dando fruto para a salvação das almas".

Deste modo indicou que uma família religiosa, "com sua mesma presença se converte em 'exegese' viva da Palavra de Deus. A renovação a que as pessoas consagradas estão convidadas constantemente, acha sua modalidade mais adequada no voltar para as raízes evangélicas dos carismas, de tal modo que possam encontrar ali cada vez novas inspirações".

"Se cada carisma constituir uma palavra evangélica da única Palavra, aspectos particulares da totalidade do Evangelho, as pessoas consagradas, vivendo em pleno o Evangelho, encontrarão a luz para captar a particular dimensão evangélica sobre a qual se enxertou o próprio instituto. É um caminho que as pessoas consagradas deverão percorrer em comunhão com todas as demais vocações da Igreja", precisou.

Por sua parte, o Arcebispo de Paris e Presidente da Conferência Episcopal Francesa, Cardeal André Vingt-Trois destacou que "o exegeta e o teólogo, quando não forem a mesma pessoa, estão chamados a escrutinar juntos o texto. O sentido das Escrituras é teológico; a teologia é a procura do sentido das Escrituras. Por causa de uma 'lacuna filosófica', ou se limita a exegese à determinação da dimensão histórica e literária do texto ou a teologia se expõe fora de um contato vivo com as Escrituras".

A seu turno, o Cardeal Peter Erdo, Arcebispo de Esztergom-Budapest (Hungria) e Presidente do Conselho das Conferências Episcopais Européias, indicou que "a justa interpretação da Palavra de Deus feita pela Igreja resulta absolutamente necessária já no momento do primeiro encontro com a Palavra de Deus. Os riscos de uma interpretação arbitrária são particularmente grandes em um ambiente cultural como o nosso, onde as categorias elementares da investigação da verdade histórica mesma parecem desaparecer".

Seguidamente o Cardeal assinalou que "as publicações mais sensacionalistas que científicas podem criar uma notável confusão também no pensamento dos fiéis e às vezes inclusive dos sacerdotes".

"O risco maior não é que alguns não saibam que valor outorgar a um escrito apócrifo, como por exemplo o Evangelho de Judas, senão que muitos não sabem como distinguir fontes acreditáveis de não acreditáveis da história de Jesus Cristo. É mais, parece precisamente que muitos não consideram importante procurar a verdadeira história, porque raciocinam de modo subjetivo e subjetivista incluso sobre a história", concluiu.