Em uma entrevista concedida a L'Osservatore Romano (LOR), o Arcebispo de Bombay e Presidente da Conferência de Bispos Católicos da Índia, Cardeal Oswald Gracias, explicou que a melhor arma que tem a Igreja e os fiéis neste país, diante da onda de violência anti-cristã que se desatou faz algumas semanas, é a oração.

No diálogo com LOR, o Cardeal denunciou que na Índia "todas as pessoas de boa vontade, inclusive hindus e muçulmanos, provam o horror, são golpeadas, pelas diabólicas ações de quem não duvida em dar caça aos cristãos para matá-los, para destruir suas casas e Iglesias, sem nenhum respeito pela dignidade e os direitos humanos".

"Não acredito me equivocar quando digo que esta campanha de ódio contra os cristãos se deve a total inacão do Governo local", acrescenta e precisa logo que "não é necessário ceder à tentação da resignação nem muito menos à vingança. Ao final não será o fundamentalismo o que prevaleça".

Ao explicar logo as razões que conduziram ao fechamento por um dia das escolas católicas na Índia, o Arcebispo destacou que não abrir as portas das "mais de 25 mil escolas índias foi um gesto simbólico, de forte impacto e de protesto, que procurou remover a consciência do nosso país".

"foi um sinal claro para dar luzes sobre a importância da presença cristã, sempre em primeira fila no social, na educação e na obra de assistência que abraça indistintamente a toda a população. A oração, inclusive também por quem nos odeia, converte-se em nossa principal arma", continuou.

Seguidamente o Cardeal Gracias se referiu à necessidade do diálogo interreligioso para "eliminar toda possível causa de tensão e desacordo entre os grupos religiosos e étnicos na Índia. O diálogo é vital, fundamental. A Igreja na Índia nunca deixou que promovê-lo".

Para o Arcebispo de Bombay, a Igreja intervém neste diálogo estando "de parte dos pobres, os doentes, sem considerar se forem hindus, muçulmanos ou cristãos. Reafirmando o direito à vida para todos: é horrível que os recém-nascidos sejam assassinados porque são de sexo feminino". "Trata-se finalmente de anunciar a Jesus com a própria vida e contribuir a um novo sistema mundial construído sobre o amor e a fé recíproca", acrescentou.

Ao referir-se logo ao próximo Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus que se inicia em 5 de outubro e ao que não poderá assistir por razões de saúde, o Cardeal Gracias indicou que este evento pode contribuir à a Índia "uma profunda compreensão da Escritura para remover equívocos e preconceitos. Espero que o Sínodo aprofunde melhor também na relação entre a Palavra de Deus e os textos sagrados de outras religiões: uma perspectiva que contribuirá a esclarecer princípios do diálogo interreligioso que são importantes para lhe dar esperança à a Índia e ao mundo inteiro".

O Arcebispo de Bombay disse logo que a Índia necessita esperança: "sempre o reconheci e me comoveu quando o Papa me repetiu isso pessoalmente ao momento de me criar cardeal, em novembro faz um ano. Compreendi que estou chamado a jogar um novo rol para a Índia e toda a Ásia. Um rol de esperança fundada na Palavra de Deus".