QUITO, 19 de ago de 2008 às 00:30
O ex-presidente Lucio Gutiérrez advertiu que o projeto constitucional, que será votado em setembro, procura manter a Rafael Correia no poder pelo menos dez anos mais e vai contra os valores cristãos da maioria da população.
Em declarações ao jornal El País, da Colômbia, Gutiérrez denunciou que o texto "fomenta o homossexualismo porque permite formar casais, sem especificar gênero, com as mesmas garantias que tem um matrimônio normal. Fomenta o aborto, um dos crímes mais abomináveis entre os que promulgamos a religião cristã". Além disso, "estimula o tráfico e consumo de drogas ao assinalar que nenhuma ação de um consumidor poderá ser criminalizada".
O mandatário também assinalou que a nova Constituição foi desenhada junto ao Presidente venezuelano Hugo Chávez, quem "é o chefe internacional deste projeto". "Correa recebe ordens do Chávez e não tem autonomia nem soberania nesta iniciativa", afirmou.
Nesse sentido, assinalou que a Assembléia Constituinte fez "um verdadeiro show porque alguns artigos que se debateram e se aprovaram nas mesas de discussão, quando saíam ao pleno eram substituídos por outros artigos que nunca foram tratados".
Do mesmo modo, depois de criticar a gestão presidencial, Gutiérrez denunciou o controle que o Governo exerce sobre o Tribunal Supremo Eleitoral, logo depois de substituir ao único vocal de oposição por "um dos afetos de Correa".
Nesse sentido, quando lhe perguntaram se o projeto constitucional de Correa é outro intento regional por instaurar um modelo socialista, Gutiérrez respondeu que "claramente se faz pedacinhos a institucionalidade", se "acaba com a democracia, acaba-se a liberdade de expressão".
Por outro lado, o ex-mandatário reafirmou as suspeitas sobre uma relação entre o atual Governo equatoriano e as FARC. "Há muitas evidências que demonstram que o governo de Correa foi muito permissivo com as FARC, mas infelizmente como ele é o dono dos organismos de controle, não se puderam investigar as denúncias do presidente Uribe e o que aparece nos computadores de Raúl Reyes’", assinalou.