Em resposta a novas agressões do Presidente Rafael Correa, que criticou ao Episcopado equatoriano por “estar equivocado” em suas duras críticas ao projeto de nova Constituição, Dom Néstor Herrera, Bispo de Machala, reiterou o direito dos prelados do país a instruir aos fiéis através dos canais eclesiásticos sobre os numerosos aspectos objetáveis do projeto que será votado em setembro em um referendum.
Em uma aparição na mídia, o Presidente Correa rechaçou as críticas da Conferência Episcopal Equatoriana (CEE) em relação à natureza favorável ao aborto, às uniões homossexuais e contrárias à liberdade religiosa do projeto de Carta Magna.
O Presidente augurou ainde que os bispos “não intervenham em política” instruindo aos fiéis sobre os aspectos controvertidos do documento.
Dom Herrera, em declarações à estação radial Citynoticias de Guaiaquil, indicou que a crítica do Presidente “é normal quando existe confrontação de pareceres, não todos têm que concordar”; mas o Prelado insistiu na postura da Igreja: em sua redação, os artigos da Constituição atentam contra a vida e a família mediante o uso de uma linguagem deliberadamente ambígua.
“Essa redação dá lugar a que na prática se dêem concessões para que aqueles que defendem o aborto se amparem no mesmo artigo, quer dizer, a redação é ambígua, isso é o que a Igreja põe de manifesto e faz conhecer os fiéis”, explicou o Bispo de Machala.
“Assim como o Presidente tem direito de pensar como ele deseja, ninguém lhe pode tirar à Igreja o direito a pensar de acordo a seus princípios cristãos”, adicionou o Prelado, quem destacou que os Bispos “continuarão explicando detida e detalhadamente os conteúdos da Constituição dos púlpitos e desde todos os campos de nossa ação pastoral, não para dizer votem Sim ou Não, senão para que os eleitores, em sua grande maioria católicos, se façam uma idéia racional e séria, e de acordo a isso tomem a opção”.