QUITO, 28 de jul de 2008 às 13:46
Em um enérgico comunicado publicado segunda-feira passada, a Conferência Episcopal do Equador (CEE) apresentou severas objeções ao projeto de Constituição que será submetido a referêndum popular no próximo mês de setembro.
Mediante um comunicado, os Bispos equatorianos assinalam que “não nos corresponde assumir uma atitude política”; mas sim “iluminar as consciências dos católicos com a doutrina do Evangelho para que tomem uma decisão responsável e em consciência, diante de Deus e da sociedade”.
Os Bispos assinalam que apreciam que o projeto de Constituição tenha recolhido “enunciados generosos a respeito da centralidade da pessoa entre os fins da sociedade, na economia, a educação e a saúde, com ênfase na promoção dos pobres. Trata-se de aspectos em que insistiu sempre a Igreja”; mas advertem que existem “inconseqüências respeito a outros fundamentais enunciados, como o do aborto, a família, a educação e a liberdade religiosa”.
Os Bispos do Equador consideram que estes são “pontos ‘não negociáveis’, que exigem uma atitude clara de parte dos fiéis e pessoas de boa vontade”.
“Marcamos aqui de maneira esquemática as razões do nosso desacordo com o texto constitucional, sabendo que este rechaço é compartilhado com mais de 800.000 assinaturas entregues à Assembléia Constituinte e também pelos irmãos cristãos evangélicos e outros equatorianos de boa vontade.
Os Bispos enumeram no comunicado:
“Descobrimos que o estatismo parece ser um fio condutor da nova Constituição. Nela se fala, é obvio, de direitos; mas muitos destes direitos fluem do Estado, violentando assim a criatividade e responsabilidade das pessoas e da sociedade”.
“Não se reconhece claramente o direito à vida da concepção”; “o projeto constitucional deixa a porta aberta à supressão da nova criança no seio da mãe”.
“Se atenta contra a família como célula fundamental da sociedade e do bem comum. A nova Constituição desfigura a família, quando rechaça a existência da ‘família tipo’ para substitui-la com distintos ‘tipos de família’. Daí se pssa a equiparar à família com a união de pessoas do mesmo sexo”.
“Na educação é mais patente ainda o estatismo. O direito dos progenitores e o reconhecimento da liberdade de ensino vêm contraditos quando o Estado se adota o direito de determinar o que se tem que ensinar e o que se tem que ignorar”.
Os Bispos equatorianos concluem advertindo que “é preciso que cada cidadão com direito ao voto aprofunde sobre estas e outras razões, implorando a sabedoria divina”.