O Decano do Colégio Médico do Peru, Julio Castro Gómez, acusou à Igreja Católica de pressionar ao Governo para que se “vulnerem os direitos das pessoas” no tema do aborto e em insólitas declarações considerou que este procedimento “defende a vida” e não implica “a morte de um menino” porque o concebido somente é um “produto fetal”.
Em uma conferência de imprensa, Castro pediu que o controvertido "protocolo de aborto terapêutico", que não prosperou no departamento de Arequipa, seja aplicado pelas autoridades em todo o país e assegurou que há consenso no Colégio Médico para legalizar o aborto nos casos de violação, incesto e má formação do feto.
“Nossa entidade o que busca é facilitar às mulheres e também aos profissionais da saúde para que se aplique o aborto quando estiver grave a saúde ou a vida da mulher. Depois acreditam que se deve avançar no tema dos abortos produto de uma violação ou incesto, ou quando se diagnostica graves má formações no feto”, indicou.
Contra a Igreja
Segundo o decano, a aprovação do protocolo abortista –que regulamentaria a prática do aborto por risco de vida para a mulher nos hospitais públicos– "só procura resguardar os  direitos sexuais e reprodutivos da mulher" e acusou ao Arcebispo de Lima, Cardeal Juan Luis Cipriani, de pressionar às autoridades para bloquear o protocolo.
Castro causou surpresa nos jornalistas que o entrevistaram quando disse que o Cardeal Cipriani, “sempre manifestou que um aborto é a destruição de uma vida humana, quando realmente não é assim”.
“De maneira nenhuma pode se manifestar que ao exercer o aborto se está produzindo um atentado contra a vida porque precisamente se está defendendo a vida. Um aborto é a interrupção de uma gravidez. Não é a morte de uma criança, trata-se de um produto fetal. O aborto se produz antes de que o feto pese mais de 500 gramas. O concebido é um produto fetal e passa por diferentes fases e nessa medida se confunde à opinião pública”, assinalou.
O decano do Colégio Médico do Peru afirmou que quando a Igreja influi nestes temas causa que “se vulnere os direitos das pessoas e em particular das mulheres a exercer  seus direitos sexuais e reprodutivos, seu direito a decidir –que reconhece claramente a Constituição de nosso país– e seu direito à paternidade e à maternidade responsável”.
“A Igreja cumpre um rol muito importante na formação moral de seus fiéis mas terá que diferenciar que nosso país é uma república, um estado leigo e o estado convoca a todas as pessoas homens e mulheres” e “o estado não representa em forma particular a nenhuma delas”, indicou.