O observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, Dom. Celestino Migliore, reiterou no VI Comitê da organização o rechaço da Santa Sé a qualquer tipo de clonagem, seja terapêutica ou reprodutiva, devido a que atenta seriamente contra a dignidade do ser humano.

Depois de classifcar de “enganosa” a diferença que às vezes se estabelece entre a clonagem reprodutiva e a terapêutica -posto que se trata do “mesmo processo técnico de clonagem e se diferenciam só no objetivo”-, Dom. Migliore ressaltou que “ambas as formas de clonagem comportam falta de respeito pela dignidade do ser humano”.

“De fato, de um ponto de vista antropológico e ético, a chamada clonagem terapêutica, ao criar embriões humanos com a intenção de destrui-los, inclusive se for realizada com o possível fim de ajudar a pacientes doentes no futuro, é claramente incompatível com o respeito da dignidade do ser humano, já que faz da vida humana um mero instrumento de outra", explicou o Arcebispo.

Durante sua intervenção no Comitê dedicado ao tema Convenção Internacional contra a clonagem reprodutiva de seres humanos, o observador vaticano esclareceu que “se a investigação sobre as células tronco adultas demonstrou já possibilidades de êxito e não expõe problemas éticos, é razoável que se prossiga com ela antes de que a ciência se embarque na clonagem de embriões como fonte de células tronco estaminais, problemática tão científica como eticamente".

"De um ponto de vista puramente científico os progressos terapêuticos conseguidos com as chamadas células tronco adultas, quer dizer células tronco da medula, do sangue do cordão umbilical e de outros tecidos maduros, são muito prometedores. A clonagem de embriões está ainda muito longe de ter conseguido os progressos que sugerem seus partidários", particularizou o Núncio.

Segundo Dom. Migliore, a Santa Sé acredita que "a questão não está em escolher entre ciência e ética, mas sim entre uma ciência que é eticamente responsável e outra que não o é. Milhares de vidas se salvaram graças às células tronco adultas" e os dados demonstram que "os transplantes de células estaminais adultas são seguros e os resultados preliminares sugerem que deles se poderão beneficiar os doentes de Parkinson, os que têm lesões na medula espinhal, problemas de coração e tantas outras patologias".

Finalmente, o Arcebispo afirmou que a Santa Sé "está convencida de que o tema da clonagem de embriões humanos  pode ser confrontado melhor com elementos jurídicos, já que o direito é essencial para a promoção e proteção da vida humana".