Os socialistas que constituem o mais importante bloco parlamentário do Congresso espanhol, somaram-se à primeira minoria do Partido Popular em rechaçar um projeto de lei apresentado pela Esquerda Unida que reclamava retirar os símbolos religiosos dos atos de toma de posse de cargos públicos.

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) argumentou seu voto em contra assinalando que as medidas contra a presença cultural da Igreja Católica na Espanha devem realizar-se "sem pressa" e a um "ritmo lento".

A proposta do IU pretendia eliminar o crucifixo, a Bíblia e outros sinais católicos das cerimônias institucionais, toma de posse e demais atos oficiais; enquanto que um partido regional minoritário exigia diretamente a denúncia dos acordos do governo espanhol com a Santa Sé, porque supostamente refletem "uma situação de privilégio e preminência do catolicismo anacrônicas, fruto de outras épocas".

Gaspar Llamazares, Coordenador general do IU, destacou o "paradoxo" de que um Governo tão "moderno" como o do líder socialista Rodríguez Zapatero, jure ou prometa o cargo no palácio da Zarzuela ante um crucifixo.

Os Porta-vozes do PSOE responderam assinalando que os símbolos católicos de algumas cerimônias oficiais "são um vestígio do passado adotado pelo protocolo da Casa Real, mas não faz falta uma lei para erradicá-los".

"Na toma de posse dos ministros o crucifixo fica sobrando, mas não faremos uma lei para proibi-lo", disse Ramón Jaúregui, Secretário geral do grupo socialista. "É necessário avançar na aconfessionalidade mas sem gerar tensões desnecessárias", adicionou Jaúregui; quem pôs como exemplo que "nestas décadas de democracia os crucifixos desapareceram da maioria dos colégios sem necessidade de leis, porque a laicidade avança ao ritmo da convicção coletiva e, sobre tudo, sem imposições nem proibições".