Dom Jorge Casaretto, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social na Argentina, celebrou o fim da greve agrária que abriu as portas a um diálogo com o governo; mas advertiu que os índices de pobreza evidenciados por um estudo independente da Igreja são mais sérios que os que se consideram oficialmente.

Dom Casaretto assinalou que um estudo realizado pela Universidade Católica Argentina (UCA) revela “um preocupante aumento da pobreza”, que se reflete no fato que a Cáritas, a organização de ajuda da Igreja, “as pessoas acodem para pedir mantimentos mais que antes”.

A advertência de Dom Casaretto discrepa das cifras oficiais do Governo nacional, que recentemente anunciou que 20,7 por cento dos habitantes se localizava por debaixo da linha de pobreza; o que em teoria supõe uma melhora nos últimos anos.

O estudo da UCA, entretanto, assinala que o nível de pobreza está em subida, “em boa medida pelo aumento dos preços da cesta básica”, conforme assinalou o Bispo de São Isidro.

O estudo da UCA se denomina “Barômetro da Dívida Social Argentina 2008”, e entre suas conclusões assegura que este ano “se produziu um aumento da desigualdade a nível social”. “Isto é assim dado que o maior progresso econômico se registrou nos estratos médios e médios baixos, ficando retraídos os setores baixos da estrutura social”.

O relatório foi elaborado pelo Observatório da Dívida Social Argentina da Universidade Católica.

A discrepância entre as estatísticas do governo e as da Igreja na Argentina foram motivo de atrito e recriminações por parte das autoridades.

Dom Casaretto quis fechar sua declaração, entretanto, com uma nota positiva, felicitando o reatamento do diálogo entre o Governo e as entidades agropecuárias, porque “expressa um clamor de todos os argentinos”.

“Deus queira que se chegue a um acordo, para bem de todos os argentinos”, concluiu.