Em uma entrevista concedida ao jornal italiano “IL Messagiero”, o escritor Vittorio Messori denunciou que na Europa o anticatolicismo substituiu ao anti-semitismo mas expressou sua confiança em que esta “fúria anticatólica” permita aos crentes redescobrir sua identidade.

À raiz do caso Rocco Buttiglione, o político italiano recusado pelo Parlamento Europeu devido a suas convicções católicas, Messori assinalou que alguém disse que os católicos –junto com os fumantes e os caçadores, são uma das “três categorias que não estão protegidas pelo politicamente correto, e das quais, portanto, pode-se falar mal livremente”.

“Graças a Deus, o anti-semitismo terminou. Mas foi substituído, na cultura ocidental, pelo anticatolicismo”, explicou na entrevista traduzida ao espanhol pelo jornal La Razón.

Segundo o escritor, Buttiglione “é alvo da incorreção política por duplo partido. Antes, os que eram objeto de sarcasmo e críticas eram os negros, as mulheres, os judeus ou os homossexuais. Agora, por sorte, já não se podem atacar estas categorias. Mas não vejo por que se tem que injuriar a outras”.

Agora, explicou, “apesar dos muçulmanos degolarem as pessoas, ninguém fala mal do islamismo”. Ao contrário, os ataques contra os católicos gozam do aplauso público, inclusive em “equivocadíssimos” filmes “como ‘A Má Educação’ ou ‘As Irmãs de Madalena’”.

Segundo Messori, estas “são a prova do que dizíamos antes: com os católicos pode, e mais, deve-se fazer-lhes mal. Os padres de Almodóvar são todos, mas todos sem exceção, pederastas. As ‘irmãs de Madalena’ –e quem sabe quantas mais fora do filme e dentro dos colégios e os conventos– são goleiras. E assim tudo”.

“O assunto Buttiglione está inserido, infelizmente, neste clima. Um clima no qual, como se verá, ninguém roda um filme sobre um gurú budista ou um ímã que abuse de menores”, indicou.

Razões de esperança

Neste contexto, Messori não se lamenta mas sim afirma que os crentes “têm que estar contentes com esta fúria anticatólica” e considera “providenciais o anticatolicismo da cultura ocidental e do Islã”.

“O cristianismo, e o catolicismo em particular, necessita de um antagonista para redescobrir sua própria identidade e sua própria força”, explicou.

Atualmente “os católicos correm o risco de converter-se em personagens banais de talk show, que recitam um blablablá bondoso e estão dispostos a dialogar com todos, também com quem lhes quer cortar o pescoço. A esta espécie de pensamento débil se contrapõem verdades fortes. E quando se dizem verdades fortes sobre os gays, ou sobre qualquer outro assunto, organiza-se um escândalo. Mas que nos vem bem aos católicos”.

“Quando a Igreja diz coisas neutras ou banais, de tipo pacifista, todos se ajoelham. Entretanto, quando João Paulo II exerce de Papa e  sai de tudo o que é  politicamente correto, como no caso do documento do Cardeal Ratzinger sobre as mulheres no seio da Igreja, então explora, mais ou menos disfarçado, o anticlericalismo de ambos os pólos”, concluiu.