O Arcebispo de Mérida, Dom Baltazar Porras Cardozo, advertiu que embora o Estado tem a obrigação de velar pela educação venezuelana, não pode pretender impor “sua maneira de ver o mundo” pelo fato de estar no poder.
“A revisão do desenho curricular é uma necessidade, mas o desenho curricular do século XXI dado a conhecer pelo Ministério de Educação cheira mais a século XIX porque ignora ou deixa de lado os problemas reais de hoje”, assinalou o Prelado.
Nesse sentido, explicou que “a qualidade da educação passa hoje pela amplitude de miras, o ouvir e tomar em conta aos outros, a tolerância e busca de uma convivência mais serena e cordial”.
Por isso, criticou o ensino militarista e a inclinação da história “que converte em heróis e paradigmas a ‘meus’ heróis”. O Prelado advertiu que isso “não só é uma brincadeira mas também uma bomba de tempo, cujos frutos mais imediatos são a violência e a intransigência”.
“Não interessa formar bons profissionais senão bons revolucionários. O primeiro é formar adeptos e soldados, não cidadãos e homens autônomos”, denunciou.
Por outro lado, Dom Porras assinalou que “um novo desenho curricular não se consegue fazendo ‘observações cosméticas’ aos livros apresentados pelo Ministério”. Indicou que se requer uma re-engenharia “para desenhar o currículo que querem ‘todos’ os atores sociais e não só os oficialistas”.
“Democracia é aceitar uma dose gigante de pluralismo e tolerância para que caminhemos sobre uma base comum mais longa, a única que nos pode levar por volta do verdadeiro mar da felicidade, afirmou.