O Observador Permanente da Santa Sé ante a ONU, Dom Celestino Migliore, assinalou que se devem evitar os extremismos ecologista e economicista para enfrentar a crise global de mantimentos, em seu discurso pronunciado hoje ao Conselho Econômico e Social desta organização.
"Nossa importante responsabilidade como líderes de governo para assinalar os modos de ação para o desenvolvimento sustentável nos faz procurar modos para construir um futuro melhor", disse o Arcebispo e explicou logo que "o mundo está enfrentando atualmente um desafio que aponta a este objetivo na forma de uma crise global de mantimentos".
Depois de afirmar que "esta crise revela a delicada inter-relação entre a agricultura, o desenvolvimento rural e a reforma agrária", o Prelado indicou que "apresenta-se agora como uma importante tarefa para quem desenha as políticas e a sociedade civil".
"Muitos questionam as causas reais, as conseqüências no médio e longo prazo da crise de mantimentos e suas tendências fundamentais", prosseguiu; e advertiu que esta "não deve ser medida somente pela alta de custos nos mercados internacionais, mas também pelo custo físico, mental e espiritual de quem não pode acessar" aos mantimentos "para eles e seus familiares".
"Investir em programas de agricultura sustentáveis e a longo prazo a nível local e internacional segue sendo crucial para os prospectos de desenvolvimento de muitos. Este investimento tem que fazer-se de forma tal que alcance aos preços dos mantimentos assim como sua distribuição e produção em todo mundo, mas de maneira particular na África", continuou o Núncio.
O Observador Permanente ante a ONU explicou depois que as "políticas agrícolas precisam redescobrir o caminho da razão e a realidade para balançar a necessidade de produção de mantimentos com a necessidade de ser bons com a terra. Deve-se tomar cuidado para cobrir as necessidades fundamentais das pessoas e evitar reduzir o diálogo a extremos economicistas e ecologistas egoístas e dirigidos ideologicamente".
"Enquanto a crise de mantimentos se apresenta como uma imediata ameaça ao desenvolvimento, a sociedade tem que lutar também com desafios persistentes e iminentes como a mudança climática, os subsídios agrícolas daninhos, comércio justo, degradação do meio ambiente e reforma agrária. Mediante uma maior solidariedade internacional  e uma crescente preocupação pelos mais vulneráveis em nossas sociedades, podemos enfrentar os desafios imediatos enquanto seguem trabalhando para assegurar que o progresso de hoje seja a pedra angular para um amanhã mais justo e seguro", concluiu.