O Arcebispo de La Plata, Dom Héctor Aguer, advertiu que o drama da crise da verdade "agrava-se quando se desliza a ideologia, ou essas ambições de domínio que têm que ver com interesses muito concretos e que põem em perigo muito sério a convivência pacífica na sociedade".

Assim o indicou o Prelado em seu programa televisivo Chaves para um Mundo Melhor, no que denunciou que atualmente "existe uma espécie de descuido pela verdade, uma indiferença perante ela e, às vezes, medo à verdade, quando se trata de decidir as grandes questões que têm que ver com a origem ou o destino do homem, com aqueles valores objetivos e universais que fundam a ordem moral".

Depois de assegurar que se difundiu muito uma mentalidade em que "não se pode pretender que haja uma verdade, senão que existem opiniões diversas e que se devem respeitar todas essas opiniões, porque todas seriam igualmente válidas"; o Prelado destacou que esta realidade se projeta "ao campo da verdade religiosa: não existem em matéria religiosa verdades objetivas às quais se pode chegar através de um procedimento honesto do uso da razão e de abertura da razão para a fé, senão que somente haveria opiniões que seria preciso concordar com tolerância para conviver humanamente".

"Nestes casos pareceria que não é possível concordância alguma. Não é possível ficar de acordo. Tampouco se dão as condições para levar adiante um diálogo razoável. Pretende-se, em todo caso, impor modelos e projetos, fazer prevalecer pelo poder uma atitude hegemônica. Parecesse que há uma espécie de alergia à concórdia e, mais à frente, ao que está como base da concórdia que é o diálogo imprescindível sobre questões que são opináveis, que não se devem absolutizar como se fossem dogmáticas".

O Arcebispo questionou logo "como é possível tanta obscenidade para tratar sobre verdades eternas, que definem a essência e o destino do homem? E por que tanta discórdia e rancor para resolver questões temporárias, nas que seria possível conseguir acordos para as encaminhar sensatamente? No primeiro caso todo vale, nada é melhor, viva a tolerância!. No segundo, quem não pensa como eu é um inimigo".

"Parece-me oportuno expor esta contradição porque a situação deve ser exatamente ao contrário, em todo caso. Deveriamos reconhecer a verdade onde ela está e, logo, naquele lugar e naqueles âmbitos onde não se joga uma verdade absoluta senão que são opiniões que podem coordenar-se terei que ter a boa vontade de sentar-me a dialogar, de escutar, de não nos limitar ao monólogo e de fomentar aquela inclinação do coração à concórdia sem a qual não pode haver paz", finalizou o Arcebispo.