O jornalista muçulmano Magdi Allam, que este sábado recebeu o batismo católico de mãos do Papa Bento XVI, também se casará pela Igreja com sua mulher Valentina Colombo o próximo 22 de abril, conforme revelou ontem ele mesmo ao jornal italiano Libero.

O filho do casal, Davide, de nove meses, foi batizado faz um mês, quando o percurso do Allam para a fé cristã se encontrava já em uma fase avançada.

Magdi Allam tem 55 anos e é subdiretor do jornal Il Corriere della Sera. Faz cinco anos, vive submetido a uma escolta policial como conseqüência das ameaças de morte que recebeu do islamismo radical por suas posturas contra o fundamentalismo.

Na mesma entrevista, Allam assegurou que não tem medo à morte e que seguirá caminhando "para frente", percorrendo "o caminho da verdade, a liberdade e a afirmação da vida".

O batismo do Allam foi criticado tanto pelos fundamentalistas islâmicos como por setores mais moderados, como os intelectuais muçulmanos que foram ao Vaticano a princípios deste mês para impulsionar um novo foro de diálogo entre ambas as religiões.

Por sua parte, o diretor de L'Osservatore Romano --o jornal oficioso do Vaticano--, Gian Maria Vian, assegurou ontem em um editorial que o batismo de Magdi Allam não entranha "nenhuma intenção hostil para a grande religião islâmica".

Magdi Allam realizou este passo "depois de uma longa busca pessoal e a preparação necessária para dar este passo", enquanto que "o gesto de Bento XVI tem um significado importante porque afirma a liberdade religiosa de modo manso e claro" e demonstra que "qualquer um que pedir o batismo sem constrições tem o direito de recebê-lo", destacou Vian.