O Comitê Espanhol de Representantes de Pessoas com o Discapacidade (CERMI) qualificou que "discriminatório" e "contra os direitos humanos" o suposto que permite abortar em caso de má formação do feto, e assinalou que "um dos direitos dos minusválidos é o direito a nascer".

Roser Romero, membro do comitê executivo do CERMI, assinalou que esse suposto da lei do aborto "vai contra os direitos das pessoas". "Se não se deve discriminar a ninguém, e o Governo atual falou muito de igualdade, esse suposto sim discrimina", assinalou.

Romero afirmou que o aborto "é um tema delicado, no que estão implicadas convicções éticas e crenças religiosas", e afirmou que "não se trata de decidir quando começa a vida".

Para a representante do CERMI, "muitas mulheres não abortam livremente, senão que se vêem perante uma situação em que não sabem como vão sair adiante, às vezes por desconhecimento", além de que "em ocasiões se força sutilmente a abortar do entorno familiar ou por parte da classe médica".

Em sua opinião, "uma parte do problema é que a discapacidade continua a ser vista como algo negativo". Romero assinalou que "ninguém a deseja", mas que "desconhece-se o que é a discapacidade, e o que pode chegar a fazer uma pessoa quando a sociedade o permite". "É curioso que em plena era da informação, siga falhando o acesso a informações tão básicas como estas", assinalou.

Roser Romero afirmou que depois de um diagnóstico pré-natal que detecta uma anomalia, "o médico não pode saber o grau de afetação da discapacidade nem como vai evoluir" quando vier a nascer.

Em sua opinião, "em função da acolhida que receba esta pessoa e dos meios que fiquem a seu alcance, pode avançar mais ou menos, e inclusive retroceder". "Não é o mesmo nascer em uma sociedade que aposta pelas pessoas ou que deixe o problema só em mãos dos pais", disse.