O Presidente do Movimento Cristão Liberação (MCL), Oswaldo Payá Sardiñas, assinalou que "como católico" que fala da Igreja em terceira pessoa, pode afirmar que fora da ilha se desconhece o verdadeiro trabalho que esta instituição realiza a favor do povo cubano.

 

"A Igreja está jogando um papel chave na evangelização e na assistência aos pobres, não só economicamente mas também no plano humano e moral. Queria esclarecer que, como católico, posso falar da Igreja só em terceira pessoa. Nossa Igreja local sofreu perseguições e a descristianização em circunstâncias muito difíceis, mas foi sempre fiel ao Evangelho, à Igreja e ao povo cubano. Uma realidade que costuma ser ignorada pela opinião pública internacional", expressou o líder dissidente ao jornal italiano L’Opinione.

 

Por outro lado, ao referir-se à situação da dissidência e dos presos políticos, explicou que o MCL apresentou um documento à Assembléia Nacional pedindo "uma anistia para todos os políticos que não estão manchados por atos de violência"; mas denunciou que em Cuba se está diante de um "momento de tensão e perigo muito grave", pois "está em marcha uma dura repressão contra nossos colaboradores".

 

"Uma boa parte dos membros do Projeto Varela estão na prisão só por sua reivindicação de maiores direitos no país. Atualmente, uma parte está detida em péssimas condições, em cárceres comuns. Com este documento que entregamos à Assembléia Nacional, pedimos uma anistia e a liberdade de movimento para eles, inclusive para que possam ir ao exterior", assinalou.

 

Por outro lado, no diálogo telefônico com o jornal italiano, Payá reafirmou que o futuro modelo político de Cuba deverá ser decidido pelo povo em liberdade, "sem esperar um modelo chinês ou outros sistemas impostos de cima", embora reconheceu que "hoje isso não é possível".

 

O líder dissidente recordou que seu movimento está realiando "uma campanha para mudar a lei, de modo tal que se reconheçam direitos fundamentais como a liberdade de expressão e de movimento".

 

"Nossa proposta procura a reconciliação nacional, que só se pode obter através do reconhecimento da dignidade da pessoa. Não somos pseudo seres humanos, senão filhos de Deus. Queremos construir uma sociedade mais justa, com maiores liberdades econômicas, sem cair no puro mercantilismo", expressou.