BOGOTÁ, 12 de jan de 2008 às 20:02
Uma jovem guerrilheira de 17 anos com três meses de gestação fugiu faz uns dias das FARC, a que pertencia, para evitar que a submetessem a um aborto e salvar assim a vida de seu filho. A moça denunciou também que é prática comum com as mulheres grávidas deste grupo fazê-las abortar.
Conforme informa a edição em linha do jornal colombiano El Tempo, esta moça, conhecida com o apelido de "Nicole", foi obrigada pelos guerrilheiros da Frente Alfredo González, que opera na zona Tolima, a tomar bebidas preparadas com químicos abortivos com o objetivo de fazê-la abortar.
A jovem escapou em 19 de dezembro e se entregou a soldados da Brigada Móvel Nove, com um recipiente que continha 10 quilos de anfo e outros explosivos que devia ativar na passagem de um comboio militar.
"Eu estava sob o mando de 'Coelho'. Meus camaradas me deixaram em uma casa na vereda (pequeno povoado) Nazareno em Planadas, Tolima, com os explosivos e, como tinham me advertido do aborto, aproveitei e me voei (escapei)", disse Nicole na localidade de Neiva, onde foi acolhida no sábado passado em um lar substituto do Instituto Colombiano de Bem-estar Familiar (ICBF), e está sob a proteção de soldados da Novena Brigada.
A jovem, oriunda da localidade de Cartago ingressou nas FARC aos 10 anos –é prática comum desta guerrilha recrutar meninas para suas filas–
Segundo os médicos que a atenderam no Hospital Universitário da Neiva, a jovem terá uma gravidez de alto risco. Seu estado é estável e o menino que espera está vivo. O que ainda fica por verificar, disseram os médicos, é de que maneira afetaram ao bebê os químicos abortivos que os guerrilheiros a obrigaram a tomar para ocasionar-lhe a perda de seu filho.