John Pontifex, representante da organização internacional Ajuda à Igreja Necessitada (AIN), denunciou uma estratégia de "limpeza religiosa" posta em marcha por extremistas muçulmanos que procura "erradicar o cristianismo das zonas chave do Iraque", plasmada nos recentes ataques às igrejas e conventos cristãos nas cidades de Bagdá, Mosul e Kirkuk.

Fontes da Igreja no Iraque, que permanecem anônimas por razões de segurança, indicaram a AIN que embora "os ataques solo causaram que uma pessoa resulte ferida" e que as bombas foram colocadas "depois de que as pessoas saíram das Igrejas logo do serviço dominical", o tempo dos ataques resulta preocupante: "na noite de Natal para as comunidades das Igrejas ortodoxas e na Epifania para os católicos. Muitos batismos se realizam esse dia".

Estas mesmas fontes, assinala Pontifex, explicaram que "como parte da incessante divisão do país entre os distintos grupos muçulmanos, sunis e shia, estão procurando expulsar aos cristãos de suas respectivas esferas de controle".

Do mesmo modo, um Bispo da Igreja no Iraque não identificado pelo AIN, indicou que "as pessoas tornaram-se otimistas mas agora perceberam que as coisas não estão muito claras. Todos estavam em shock, evidentemente".

O prelado comentou também que com estes ataques procura-se desalentar aos cristãos que pensavam retornar a Bagdá e Mosul, assim como alentar que continuem indo embora, coisa que acontece inclusive antes dos ataques.

"O melhor que podemos fazer é ficar com a nossa gente. Fiquei com muitas famílias nos últimos dias, tratando de alentá-los. Necessitamos além disso o consolo das orações de todos os cristãos. Através delas, podemos nos animar uns aos outros", assinalou depois.

Por sua parte, Marie-Ange Siebrecht, Chefa de Projetos do AIN para o Iraque, declarou que "em muitas das notícias sobre o Iraque não escutamos nada sobre os cristãos. Os cristãos iraquianos pertencem ao Iraque. São parte de uma comunidade, vivendo lado a lado com pessoas de outra fé. Seria um desastre que os cristãos sejam forçados a ser segregados e separados daqueles que como eles viveram no lugar por muito tempo".

AIN ajuda atualmente aos cristãos iraquianos, especialmente às dezenas de milhares que estão em Síria, ao redor da capital, Damasco, Turquia, Jordânia e no norte do Iraque. Calcula-se que mais da metade de cristãos iraquianos deixaram o país desde 2003 e que quase todos os que estavam em Bagdá tiveram que fugir de lá.