"A esperança não ficará defraudada". Este é o título da Mensagem de Natal publicado pela Conferência de Bispos Católicos Cubanos (COCC) na qual os prelados asseguram que a celebração do Nascimento de Jesus e a lembrança da visita do Papa João Paulo II à ilha, fazem surgir muitas "expectativas a respeito de mudanças necessárias que possam melhorar e transformar a vida nacional".

Segundo os bispos, "através de muitos anos se acumularam dificuldades que resultam cansativos e duram muito. A Igreja Católica, como parte de nosso povo, participa desta espera e oferece sua oração e sua contribuição para que se encontrem soluções reais e eficazes que favoreçam caminhos de esperança".

Do mesmo modo, precisam que "nesta tarefa todos estamos implicados, sem exclusões nem marginalizações. É necessário dar espaços à iniciativa e criatividade pessoal, pois todos corremos a mesma sorte. Todos somos capazes de contribuir com soluções, como todos soubemos nos solidarizar, de modo exemplar, com as vítimas das inundações que, recentemente, afetaram às províncias orientais: os mais próximos abrindo as portas de seus lares, e os mais longínquos entregando suas ajudas".

Festa de Esperança

Os bispos recordaram que "o Natal é também a festa da esperança, porque é a festa da vida. Porque disso se trata, como indica seu nome; de um nascimento, de uma vida que começa. Mas mais ainda porque é o nascimento do Filho de Deus, é Deus mesmo que se faz homem".

Neste sentido, precisaram que em Cuba como no resto do mundo a celebração do Natal "converteu-se em uma tradição popular em quase todos os países do mundo, entrando em formar parte do acervo cultural de numerosos povos".

"Em Cuba também foi assim. Para as pessoas maiores sobre tudo, muitos de suas melhores lembranças familiares se emolduram no tempo das festas natalinas: os adornos nas casas, o Nascimento junto à arvorezinha de Natal com suas luzes; as canções de natal, que são a música própria desses dias, alguns deles compostos por nossos melhores criadores musicais; comida-las tradicionais do dia de Véspera de natal: leitão assado, mandioca com molho, arroz, salada de tomate, alface e rabanetes, bolos redondos com algum vinho e algum torrone, ... Natal, acima de tudo, é a festa da família; os que estavam longe vêm ao lar, é o momento de deixar atrás ofensas e rixas, de unir aos que estão divididos; é um tempo de reconciliação e encontro, é a festa de toda a família", indicaram.

Trinta anos sem Natal

Os prelados destacaram que agora se farão dez anos "de que em Cuba voltaram a comemorar oficialmente o Dia de Natal, declarando-o feriado nacional".

"A ausência por quase três décadas da celebração do Natal de maneira oficial, unida a outros obstáculos de diversas índoles, fizeram que mais de uma geração desconhecesse o sentido religioso, esperançador e humano desta festa. Hoje constatamos que a celebração do Natal recebe cada dia mais acolhida entre as pessoas e as famílias, o qual revela um desejo que perdurou na alma de nosso povo. Neste sentido também nos alegramos porque, a partir deste ano, nossas crianças e jovens poderão desfrutar de férias escolar por Natal e Fim de Ano. Isto contribui ao bem de nossa nação", asseguraram.

Recordando João Paulo II

Os bispos recordaram que foi o Papa João Paulo II, quem "solicitou ao governo de Cuba que o Natal voltasse a ser celebrado como um feriado. Justamente, no próximo ano, celebraremos o décimo aniversário de sua visita. Ele veio como ‘mensageiro da verdade e a esperança’. Sua presença entre nós foi uma bênção para todos".

"Foi recebido por nosso povo com calor e avaliação transbordante e as autoridades do país lhe brindaram uma afetuosa acolhida. Percorreu quase toda nossa geografia. Com o Evangelho na mão nos falou da verdade sobre o homem, sobre Jesus Cristo, sobre a Igreja e nos deixou uma mensagem de esperança com o que nos animou a procurar entre todos um futuro melhor. Soube iluminar com voz de pastor muitas possibilidades concretas de crescimento humano que podem ser dinamizadas pela esperança cristã", assinalaram.

Autêntica esperança

Neste sentido, precisaram que "a esperança que brota de nossa fé em Jesus Cristo não é uma fuga da realidade para um mundo fantasioso, não é um consolo para as frustrações de nossa vida; é uma libertação de nossos medos e uma dilatação de nossos horizontes, é uma força mobilizadora por volta de metas mais altas que a partir de agora podem animar nossas ações mais concretas. "Não tenham medo de abrir seus corações a Cristo!", essa foi a exclamação com a que nos saudou o Papa João Paulo II desde que pôs seus pés em terra cubana, a mesma que foi como um lema de seu pontificado".

"Basta recordar dos ensinos do Papa algumas de suas palavras que são particularmente iluminadoras para este momento de nossa história: ‘Cuba, cuida de suas famílias para que conserve são seu coração’… ‘Não procurem fora o que podem encontrar dentro, não esperem dos outros o que vocês são capazes e estão chamados a ser e a fazer. Não deixem para amanhã o construir uma sociedade nova, onde os sonhos mais nobres não se frustrem e onde vocês possam ser os protagonistas de sua história’… ‘Quero repetir meu chamado a deixar-se iluminar por Jesus Cristo, a aceitar sem reservas o esplendor de sua verdade, para que todos possam empreender o caminho da unidade por meio do amor e a solidariedade, evitando a exclusão, o isolamento e o enfrentamento, que são contrários à vontade do Deus-Amor é a hora de empreender novos caminhos que exigem os tempos de renovação que vivemos’", indicaram.

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