Um livro que narra pela primeira vez as vicissitudes de 40 clérigos franceses que chegaram a Málaga em janeiro de 1793 fugindo da Revolução Francesa e foram parar na cidade andaluza graças às gestões do Cardeal Lorenzana, acaba de ser oferecido ao público espanhol.

O autor da Málaga na Revolução Francesa”, o sacerdote malaguenho Rafael Gómez Marín, explicou que “durante a Revolução Francesa muitos sacerdotes e bispos fugiram da França para não ter que jurar a Constituição Civil do Clero, implantada pela República”. Assim, “um total de sete mil sacerdotes e bispos vieram a Espanha, dos quais 40 se localizaram na província da Málaga”.

O autor do ensaio editado por Editorial Grupo 33 assinalou que “os clérigos foram alojados em conventos situados não só na capital malaguenha, mas também em localidades como Antequera, Ronda e Marbella". O P. Gómez Marín destacou também que, "embora fossem bem acolhidos, eram alojados em conventos pelo medo espanhol à profusão de idéias revolucionárias".

O sacerdote, que atualmente é pároco de São Isidoro de Sevilha no subúrbio dos Gámez na Málaga, destacou "o incrível papel que protagonizou o Cardeal Lorenzana que, junto ao bispo francês Coucy, encarregou-se de receber a aquelas pessoas que chegavam caminhando do outro lado do Pirineu, sem proteção e sem dinheiro".

A respeito, o Padre Gómez Marín explicou que a "Espanha não queria revelar que a mudança francesa se movia pelos fios da revolução embora, finalmente, tirasse o chapéu que as mudanças não eram tão pacíficas como se deu a entender no princípio".

Por último, o sacerdote acrescentou que "aqueles sacerdotes que seguiam com vida e que não estavam muito velhos para retornar, depois do acordo de Napoleão com Pio VII, voltaram para suas respectivas cidades".

“Terminei o livro com a invasão francesa, quando já não ficava nenhum sacerdote francês na Espanha, com objeto de refletir o bom sentimento espanhol por ter acolhido de boa fé a todo o clero francês", concluiu o assessor religioso da COPE.