Ante a ameaça do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de investigar aos bispos por expressar-se a respeito da reforma constitucional, o Vice Presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), Dom Roberto Lückert, assinalou que a presidenta do ente eleitoral, Tibisay Lucena, "está desinformada sobre o Episcopado" ao sustentar sua denúncia em atos inexatos.

Lucena anunciou que abriria uma investigação administrativa contra a CEV por haver supostamente violentado as normas do referendum ao publicar um encarte no jornal El Nacional sobre a reforma constitucional, pois, segundo a funcionária, o Episcopado não poderia opinar sobre a mesma ao não estar inscrito como sujeito da consulta popular.

"Parece-me muito desproporcionada a atitude da doutora Lucena quando faz isso (anunciar a investigação), e manifesta uma grande ignorância e sobre tudo uma falta de informação. Esse indiciado do Nacional –o qual nós agradecemos como Conferência Episcopal– não é da Conferência Episcopal", declarou o Prelado a Unión Radio.

Nesse sentido, afirmou que "o Episcopado não tem nenhuma ingerência nesse indiciado, nem somos nós que publicamos" nem "o pagamos; isso foi feito por um grupo de amigos do Nacional e o proscrevem aí, publicam-no aí".

Por isso, lamentou que Lucena acusasse aos bispos "sem averiguar quem é o responsável pela publicação". O segundo, indicou, "está tão fora de informação, que manda a comunicação a CEV, ao ‘Presidente’ da CEV, Baltazar Porras Cardozo"; quando o atual Presidente é o Arcebispo de Maracaíbo, Dom Ubaldo Santana.

Do mesmo modo, o também Arcebispo de Coro defendeu o direito dos bispos a expressar-se sobre a reforma, e recordou que isso se deu "atendendo ao convite que fez o Presidente da República quando diz que todas as instituições deveriam opinar sobre a reforma que propõe ao país; nós como instituição opinamos e temos direito a que nos respeite e não nos insulte".

Por isso, lamentou que o Governo respondesse não com argumentos, mas sim com insultos e calúnias. "Ameaçam-nos até nos prendendo, bom aqui estão minhas algemas e que comece porque eu não devo nada ao Governo para que me chame de vagabundo", expressou, e chamou os venezuelanos a votar neste domingo porque "está-se em jogo o futuro do país".

Mais falsidades do Governo

Por outro lado, o Arcebispo de Valência, Dom Reinaldo del Prette, pediu ao Vice Presidente Jorge Rodríguez que mostrar as provas –se as tiver– de que nas Igrejas de Guacara e Ciudad Alianza, e no Instituto Paulo VI, (Maracay), foram preparadas as ações violentas desde a segunda-feira passada; uma vez que assinalou que o funcionário acusa desinformação sobre o funcionamento da hierarquia ao haver-se dirigido ao Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa, como se ele fosse o responsável pelos templos citados.

"Se nas Igrejas de Guacara e Ciudad Alianza houve os atos que diz o Vice Presidente, Jorge Rodríguez, a quem deveu dirigir-se é para mim, como Arcebispo desta Arquidiocese; não ao Cardeal porque ele não tem nenhuma potestade de governo, nem nesta Arquidiocese", declarou à imprensa.

Com respeito ao Instituto Paulo VI, disse que deveu dirigir-se ao Administrador Apostólico de Maracay, Dom Freddy Fuenmayor. "A ver se podemos entender ao desconhecer a organização da Igreja", expressou.

Finalmente, sobre a exigência de Rodríguez ao Episcopado para que se inscreva no CNE e assim possa opinar sobre o "Não", Dom Prette disse que "o Vice Presidente está muito confuso. Porque os que devem inscrever-se, nesse órgão, são os partidos, não os organismos da sociedade civil".