O teólogo espanhol Luis Santamaría del Río, membro da Rede Ibero-americana de Estudo das Seitas (RIES), denunciou que o autoproclamado "Parlamento Argentino de Religiões" (PAR), que se apresenta como plataforma de diálogo inter-religioso, congrega em seu seio a multidão de seitas, incluindo grupos tão perigosos como a autodenominada Igreja da Unificação ou seita Moon.

"Além de outros grupos orientalistas, espíritas e da Nova Era, (o PAR) reúne movimentos cismáticos procedentes da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa, entre outras confissões cristãs", indicou e informou que o PAR instrumentaliza "em seu benefício à hierarquia da Igreja Católica argentina e, sobre tudo, ao Papa".

Santamaría, licenciado em Teologia pela Universidade Pontifícia da Salamanca e estudioso do fenômeno sectário, advertiu que o PAR, como outros grupos, aproveita "estas entidades, redes e projetos para aparecer como movimentos religiosos ao mesmo nível que as grandes tradições espirituais".

O PAR é presidido pelo laico católico Miguel Ángel Libré, sua vice-presidente é o pastor batista Darío Martínez e seu secretário geral é Mahatma Krishananda Ji, difusor da doutrina da Amma na Argentina.

Segundo Santamaría, a "vinculação especialíssima do PAR com a Igreja da Unificação" não "é algo casual, mas sim orgânico e oficial". "Além disso, podemos nos encontrar com outras presenças da nova religiosidade como a seita Brahma Kumaris, uma habitual destes foros multirreligiosos. E encontramos multidão de grupos de estigma oriental, em torno do ioga e outras práticas de tipo espiritual", indicou.

Também "aparece como membro do PAR a chamada Igreja Ortodoxa Bielorrussa Eslava da Argentina. Em uma de suas cerimônias, tal como testemunha a Web do PAR, dão a comunhão aos responsáveis por esta plataforma multirreligiosa, ainda sem estar batizados em sua Igreja. Uma forma bastante curiosa de acolher aos não ortodoxos, excepcional nos que se dizem membros da Ortodoxia".

"Também pode observar-se no listrado de membros do PAR que aparecem alguns grupos cismáticos, separados da Igreja Católica e independentes dela, embora empreguem denominações que podem levar a confusão", sustenta Santamaría.

O especialista denunciou que "em sua página Web, o PAR mostra uma bênção do Papa Bento XVI, o que ostentam como um respaldo do Pontífice a seu projeto", entretanto, "se consultarmos o documento, podemos observar que se trata de uma carta assinada pelo núncio apostólico em Buenos Aires, Adriano Bernardini, no qual translada em dezembro de 2006 a bênção do Bispo de Roma à União de Trabalhadores Cooperativistas da República Argentina ‘Trabalho Solidário’, de uma vez que lhes insiste a seguir lutando por uma sociedade mais justa à luz da Doutrina Social da Igreja. Não há, portanto, nenhuma menção ao PAR, contra a apresentação da capa da Web".

Para a Santamaría, "um objetivo claro da atividade do PAR, e que explica o conglomerado de grupos que o formam, é a influência sobre os legisladores na hora de configurar uma lei de cultos mais favorável para eles na Argentina".