O Arcebispo de Valência, Dom Reinaldo del Prette, reafirmou o expresso pelos bispos ao assinalar que a reforma constitucional do Presidente Hugo Chávez é "moralmente inaceitável porque restringe direitos dos cidadãos para dar ao Estado um poder todo-poderoso, com um presidente que, só ele, reelege-se indefinidamente".

Em declarações a um meio local, o Prelado se referiu ao documento "Chamados a viver em liberdade" emitido pela Conferência Episcopal Venezuelana, no qual, recordou, os bispos expressaram que o modelo de Constituição que quer impor "não é para o país que os venezuelanos aspiram, pelo qual expusemos nossa opinião à consciência".

"Está claro que, quando falamos da Constituição, referimo-nos ao contrato social de todos os venezuelanos. Não estamos atuando como representantes de algum partido. Isto é chover sobre molhado. Temos que continuar dizendo que estamos falando como pastores. Este não é um problema entre oposição e Governo, entre ricos e pobres, trata-se do contrato social para poder viver em paz", indicou.

Nesse sentido, explicou que o contexto mundial demonstra que não é necessária uma reforma da Carta Magna. Pôs como exemplos a Argentina e o Brasil. No primeiro, assinalou, escolheu-se como Presidente a Cristina Fernández, esposa de Néstor Kirchner, para o qual "não reformaram a Constituição nem criaram um Estado socialista monopolizador de todos os poderes".

"E Lula, no Brasil, acaba de expressar com sua mentalidade ampla de político do século XXI, opondo-se à reeleição indefinida, por considerar que, a alternância no poder, é obrigatória para que o país progrida em democracia", acrescentou.

Por isso, afirmou, "são totalmente injustificadas, fora da racionalidade, os ataques de alguns membros do Poder Executivo contra o Cardeal Jorge Urosa Savino", e reiterou o pedido para que o projeto de reforma seja estudado pela sociedade.

Liberdade de expressão e descentralização

Por outro lado, o Prelado declarou ao meio local que, de acordo aos entendidos, "inclusive do Governo", a supressão da liberdade de expressão nos estados de exceção ou suspensão de garantias constitucionais é um retrocesso para o país.

Do mesmo modo, indicou que a descentralização administrativa permite aos venezuelanos fazer suas reclamações "através dos governos e prefeituras", por isso voltar a centralizar as coisas em Caracas fará que os problemas não possam ser resolvidos com prontidão.

"Quando nos opomos à reforma, imediatamente (as pessoas do oficialismo), dizem que vamos contra o Governo. Não acredito, no fundo, que estes personagens, quando falam assim, verdadeiramente o sintam e o pensem", expressou.