O Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa Savino, exortou ao Presidente Hugo Chávez a retirar o projeto de reforma constitucional, que foi qualificado pelos bispos venezuelanos como "moralmente inaceitável" e com o que o mandatário tenta perpetuar-se no poder, alertando que aprová-la significaria um grave retrocesso.

Ao início da jornada pastoral vocacional da Arquidiocese de Caracas, o Cardeal defendeu seu direito a questionar o projeto de emenda e negou que o faça como um porta-voz de grupos opositores, como sugerem funcionários do governo.

"Meu estilo não é polemizar nem é a idéia dos bispos", esclareceu o Cardeal e manifestou que "pensamos que há sérios problemas. Para o povo venezuelano, que viveu sadiamente e em paz com a Constituição de 1999, o melhor seria que esta proposta (de reforma constitucional) deixasse de lado, que certamente não se vá atrás a algo que é importante".

Para o Cardeal, de ser passada nesta reforma na Venezuela, que originalmente estava composta por 33 artigos e que foi aumentado no legislativo a 69, estaria indo "contra a liberdade política, em contra o pluralismo, contra a liberdade de pensamento. De maneira que é importante que haja uma recapacitação".

"Que haja tolerância, que não haja intolerância política, não é possível que não se respeite o pluralismo político, é necessário que haja esse sentido de respeito às pessoas e respeito às opiniões das pessoas, e que as opiniões e as idéias, refutem-se com opiniões e idéias, e não com insultos e agressões", alentou o Arcebispo de Caracas.

"Nós estamos empenhados em elevar este chamado permanentemente, esta predicação permanente de trabalho pela paz, de respeito e de tolerância com as diversas opiniões, em consonância com o que postula o artigo 2 da Constituição Nacional, que é o pluralismo político que é um direito e um valor fundamental do Estado venezuelano", concluiu.