Um funcionário do Programa de Nações Unidas Sobre o HIV/AIDS (ONUSIDA por sua sigla em espanhol), culpou à Igreja Católica pelo avanço desta enfermidade na América Central e desqualificou o êxito das campanhas que promovem a abstinência para frear o contágio.

Longe de reconhecer o fracasso de sua organização em deter a enfermidade, Alberto Stella, coordenador do ONUSIDA para a Honduras, Nicarágua e Costa Rica, declarou à agência Reuters que a oposição da Igreja Católica aos preservativos piorou a epidemia de AIDS na América Latina.

"Na América Latina foi satanizado o uso da camisinha, mas se usasse em todas as relações eu garanto que a epidemia estaria resolvida na região", declarou Stella.

O funcionário alegou que "o fato de que os jovens iniciem a vida sexual ativa entre 15 e 19 anos sem educação sexual contribui à propagação do vírus, assim como à evidência demonstra que a abstinência (promovida pela Igreja) não funciona".

Estima-se que atualmente 1,7 milhões de pessoas na América Latina são soros-positivos. Entre os países que registram um maior número de casos se encontram a Argentina, Brasil e Colômbia, enquanto que Honduras registra os mais altos na América Central, tendo em conta que sua população é de 6,7 milhões de habitantes.

Segundo Carlos Polo, diretor do Population Research Institute (PRI) para a América Latina, as declarações do funcionário são uma tentativa por negar o fracasso das campanhas do ONUSIDA sempre centradas no uso de preservativos.

"Acusar à Igreja do contágio da AIDS é absurdo porque supõe acreditar que a Igreja diz aos jovens que tenham relações sexuais sem preservativos, quando em realidade a Igreja só os chama com insistência a viver a abstinência frente à agressiva propaganda de entidades como ONUSIDA que alentam a promiscuidade sob o eufemismo de ‘sexo seguro’", indicou.

Segundo Polo, ONUSIDA "não pode falar do fracasso da abstinência" porque nunca tentou promovê-la em suas campanhas. Ao longo dos anos, a ONU "negou o êxito da abstinência nos programas contra a AIDS em Uganda, onde com o apoio da Igreja, o governo conseguiu deter o avanço da enfermidade promovendo a abstinência e a fidelidade".