O Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, advertiu as dificuldades que apresenta o diálogo inter-religioso com os muçulmanos já que eles "não aceitam que se possa discutir sobre o Alcorão, porque eles dizem que está escrito sob o ditado de Deus".

Em uma entrevista concedida ao jornal francês La Croix (A Cruz), o Cardeal indicou que no momento atual o diálogo inter-religioso pode dar-se "com algumas religiões, sim. Mas com o Islã, não no momento. Os muçulmanos não aceitam que se possa discutir sobre o Alcorão, porque eles dizem que está escrito sob o ditado de Deus. Com uma interpretação tão absoluta, é difícil discutir os conteúdos da fé".

Ao referir-se a recente carta que 138 chefes muçulmanos enviaram ao Papa Bento XVI e a distintos líderes cristãos sobre o diálogo inter-religioso, o Cardeal Tauran expressou que "se os fieis fossem coerentes com sua fé, o mundo poderia ser diferente. Porque não são as religiões quem fazem a guerra mas sim os homens".

O Cardeal comentou em seguida que "as religiões são acusadas porque alguns se servem delas para seus atos terroristas. A religião dá medo então, porque está pervertida pelo terrorismo", como no caso dos extremistas muçulmanos.

Em seguida, o Cardeal comentou que [os católicos] "não devemos colocar nossa bandeira nos bolsos, mas sim manifestar claramente o que acreditam. No que se refere aos ensinamentos do Papa, devemos ter em conta alguns campos de reflexão com as religiões não cristãs: o caráter sagrado da vida, o cultivo dos valores fundamentais, como por exemplo a família e o lugar da religião na educação".

O Cardeal francês explicou também que é importante que "no diálogo entre fieis, diga-se que o que está bem para uns também o está para os outros. Deve-se explicar por exemplo aos muçulmanos que, se eles tiverem a possibilidade de ter mesquitas na Europa, é normal que se possam edificar Igrejas em seus países", dada a limitação e proibição que existe nas nações islâmicas para construir lugares de culto para os cristãos.

Finalmente, o Cardeal explicou que "Bento XVI explicou que compartilhamos com os muçulmanos e os judeus um tesouro comum que são os Dez Mandamentos. Além disso, geralmente o Papa explica como deve ser nosso diálogo: estar preparados para dar conta da esperança que está em nós; considerar todo fiel como nosso próximo e não como adversário ou competidor, a partir de nossos valores comuns".