"A última vidente de Fátima. Minhas conversas com Irmã Lúcia", é o título de um revelador livro que recolhe os encontros do Cardeal Tarcisio Bertone, atual Secretário de Estado Vaticano, com a última sobrevivente dos três pastorzinhos que foram testemunhas das aparições marianas ocorridas a inícios do século passado em Fátima, Portugal.

A versão em espanhol do livro -publicado em italiano em maio passado- apresentou-se em Fátima coincidindo com o encerramento do 90º aniversário das aparições.

O volume foi publicado na Espanha pela editorial Esfera dos Livros, recolhe os diálogos entre o Cardeal Bertone, então Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, e Irmã Lúcia dos Santos.

Conforme informou a editorial em seu site, o livro-entrevista tem como co-autor o jornalista italiano Giuseppe di Carli e inclui a "conversa histórica" entre a religiosa e o Cardeal, quem recolheu "por rápido desejo do Papa Wojtyla, seu testemunho definitivo".

"Neste diálogo se debulha a história do acontecimento milagroso que marcou o século XX: as aparições; as profecias sobre a guerra e o destino da Rússia; o enigma que rodeou durante tanto tempo o ‘Terceiro Secreto’, revelado por João Paulo II no ano 2000; as teorias sobre o ‘Quarto Segredo’, que riscam quadros apocalípticos e insinuam a existência de culpados silêncios", sustenta.

A editorial assegura que "além da polêmica e do sensacionalismo, nestas páginas cobram vida de novo a experiência do divino vivida pelos três pastorzinhos, a ‘gramática celeste’ do anúncio Mariano, a figura e a personalidade de uma carmelita ‘tenaz, obstinada, de caráter exuberante’".

"A reconstrução dos acontecimentos se acompanha de uma rigorosa seleção de textos, com a reprodução das páginas autógrafas de irmã Luzia e a interpretação teológica do então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Joseph Ratzinger", adiciona.

No livro, o Cardeal Bertone "enlaça o relato da experiência humana e mística de Irmã Lúcia com uma profunda reflexão a respeito da busca de Deus na época atual e dos santuários marianos como ‘fortalece inexpugnáveis da fé’. E entra no pontificado de Bento XVI: a tempestade mediática depois do discurso de Ratisbona, a assombrosa viagem a Turquia. A mensagem da Fátima não perdeu vigor. Noventa anos depois, Ocidente ainda vacila à margem de um abismo de indiferença e relativismo, incapaz de confrontar as provocações que expõem outras culturas e religiões. O testemunho de Irmã Lúcia convida a meditar uma vez mais sobre as advertências e a promessa de Nossa Senhora de Fátima: ‘Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz’".

Irmã Lúcia

Irmã Lúcia faleceu em 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos de idade. Seu trânsito à Casa do Pai ocorreu um dia 13, como o que em maio de 1917 marcou seu histórico encontro com a Mãe.

Lúcia nasceu em 22 de março de 1907 em uma cidadezinha próxima a Fátima, e ali, quando tinha dez anos, viu pela primeira vez à Virgem na Cova de Iria, enquanto estava com suas primos os irmãos beatos Francisco e Jacinta Marto, ambos falecidos ainda jovens.

Luzia entrou em 1921 no colégio das Irmãs Doroteas na cidade de Vilar, nas proximidades de Oporto (norte), de onde se transladou em 1928 à cidade espanhola de Tuy, onde viveu alguns anos.

Em 1946 retornou o Portugal e, dois anos depois, entrou no Carmelo da Santa Teresa de Coimbra, onde professou seus votos como carmelita em 1949.

O Papa beatificou Francisco e Jacinta Marto no ano 2000 ante 700 mil pessoas e na atualidade se encontram em processo de canonização.

Irmã Lúcia escreveu dois volumes com suas "Memórias" e as "Chamadas da Mensagem de Fátima".