O Arcebispo de Paraná, Dom Mario Maulión, esclareceu a quem diz que a Igreja não se pronunciou sobre os abusos ocorridos durante a ditadura militar e o mau comportamento de alguns de seus membros, recordando que "desde 1983 (quando caiu o regime), existiram pronunciamentos oficiais e públicos com todas as letras. A Igreja marcou a dor e o arrependimento por algumas situações".

Em declarações a Rádio 'La Voz', o Prelado afirmou que "dizer o contrário é não ajustar-se à realidade" e reiterou que "a Igreja se pronunciou acertadamente sobre algumas questões muito delicadas".

Nesse sentido, referiu-se a recente condenação a cadeia perpétua do ex-capelão da Polícia de Buenos Aires, Pe. Chiristian Von Wernich, por crimes contra a humanidade. "Todos estamos de acordo com o que expressou a Igreja na hora de expressar a dor por todo o ocorrido com este sacerdote, e por isso terá que ser respeitosos dos passos dados da Justiça, por isso esperar outra expectativa de parte da Igreja, é um pouco confundir as coisas", expressou.

Dom Maulión manifestou seu desejo de que "o julgamento de Von Wernich aprofunde a reconciliação entre os argentinos, sem deixar de lado a ação da justiça, mas ao mesmo tempo terá que esclarecer que a reconciliação não é o mesmo que a impunidade".

Do mesmo modo, assinalou que "não deveria existir problemas para que se realize uma revisão do atuado pelos integrantes da Igreja durante a ditadura militar. Mas tal situação a própria Igreja o faz para dentro, partindo do respeito para a própria justiça".

O Arcebispo de Paraná disse que o enfrentamento entre argentinos durante a ditadura militar foi "muito violento" e explicou que embora "é bom fazer justiça pelo ocorrido no passado para que não exista impunidade", também é importante e necessário "cicatrizar as feridas e tratar de olhar para frente".

Os comunicados sobre a condenação a cadeia perpétua do Pe. Chiristian Von Wernich, podem ler-se em http://www.cea.org.ar/ na seção "Imprensa".