A Comissão Executiva da Conferência Episcopal Argentina publicou nesta terça-feira um comunicando chamando os argentinos a evitar a impunidade e o rancor, depois da condenação a cadeia perpétua do sacerdote argentino Christian Von Wernich, acusado de ter contribuído à violação de direitos humanos durante a ditadura militar.

Von Wernich, de 69 anos, ex-capelão da polícia de Buenos Aires durante a ditadura militar que governou a Argentina entre 1976 e 1983, foi culpado de "crimes contra a humanidade" e condenado a cadeia perpétua por um tribunal na capital argentina.

Os Bispos divulgaram imediatamente um comunicado onde assinalam que a Igreja na Argentina "está comovida pela dor que nos causa a participação de um sacerdote em delitos gravíssimos, segundo a sentença do Tribunal Federal".

"Acreditam que os passos que a justiça dá no esclarecimento destes fatos devem servir para renovar os esforços de todos os cidadãos no caminho da reconciliação e são um chamado a nos afastar, tanto da impunidade como do ódio ou o rancor", diz o comunicado.

Os Bispos argentinos reiteraram o que assinalaram em 2000: "Se algum membro da Igreja, qualquer que fora sua condição, tivesse avalizado com sua recomendação ou cumplicidade algum desses fatos (a repressão violenta), teria atuado sob sua responsabilidade pessoal, errando ou pecando gravemente contra Deus, a humanidade e sua consciência"

Junto ao Episcopado, a Comissão Nacional de Justiça e Paz da Igreja na Argentina assinalou que ante a sentença do tribunal que julgou o sacerdote Von Wernich, manifesta "sua dor e seu pesar por todas aquelas ações diretas, em colaboração ou cumplicidade, que alguns integrantes da Igreja Católica puderam levar adiante e que possibilitaram o seqüestro, a tortura e o desaparecimento de pessoas durante a ultima ditadura militar no país".

"Queremos expressar nossa solidariedade com todas as vítimas desse período de nossa história, e esperamos que a justiça atue como reparação e consolo para os sobreviventes, seus familiares e a dos desaparecidos".

"Que o desafio de projetar uma nação sem excluídos nos ajude a encontrar os caminhos de encontro e reconciliação que tornem possível na justiça e na paz a construção de uma pátria de irmãos", conclui a Comissão.