O Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, Card. Renato Martino, advertiu que uma democracia sem valores "se converte facilmente em um totalitarismo aberto ou sub-reptício".

Ao inaugurar há alguns dias em Quito uma conferência internacional sobre responsabilidades sociais das classes dirigentes, à luz da Doutrina Social da Igreja, o Cardeal afirmou que "a democracia autêntica não é apenas o resultado de um respeito formal das regras, mas sim o fruto da aceitação firme dos valores que inspiram os procedimentos democráticos".

"A Igreja conhece os perigos e riscos que confronta hoje a democracia: oligarquias que consideram indiscutível sua supremacia e seus privilégios, grupos que se concentram ao redor de um poder de fato, que esquece a liberdade dos cidadãos. Democracia de Pilatos, que de forma mais ou menos evidente, trata com cética ironia a questão da verdade. Democracia de Nero ou de Barrabás, que pretende submeter ao voto a verdade, confiando-a ao consenso clamado por massas acéfalas", explicou o Cardeal.

Em seguida destacou a necessidade de lutar pelo bem comum, "valor principal da democracia, em estreita relação com o respeito e a promoção integral da pessoa e de seus direitos humanos fundamentais e inalienáveis".

O Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz denunciou em seguida que "a luta contra a pobreza que condena a milhões de homens, mulheres e crianças a situações de miséria e desespero", por isso "a Igreja chama a todos a um compromisso não violento, sem alimentar messianismos efêmeros e demagogias populistas, que prometem coisas cuja realização é impossível".

"A Doutrina Social da Igreja assinala que a luta contra a pobreza deve ser dirigida segundo os princípios da solidariedade e da subsidiaridade, que têm que se integrar entre si. Com o fim de estimular o espírito de iniciativa e não cair na tentação de olhar e tratar aos pobres como um problema, mas sim como sujeitos e protagonistas de um futuro novo e mais humano para todo mundo", disse o Cardeal.

"Além disso, a luta contra a pobreza deve seguir o princípio da justiça social, o único que pode evitar a escandalosa desproporção entre a riqueza de poucos e a miséria de muitos", precisou.

O Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz começou uma excursão de 12 dias, que compreende também o Brasil e Argentina.